Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) aprovou, nesta quinta-feira (4), por 39 votos, a abertura de uma investigação contra o vereador Lucas Ganem (Podemos), que pode resultar na perda do mandato parlamentar.
Na última segunda-feira (1º), o presidente do Legislativo, Juliano Lopes (Podemos), acatou uma denúncia apresentada contra o parlamentar por suposta fraude eleitoral. A representação partiu do advogado Guilherme Augusto Soares, que, conforme a presidência, não teria ligação com a CMBH.
Com a abertura do processo, é criado uma comissão que irá analisar o caso e terá o prazo de 90 dias para apresentar um parecer contra ou a favor da cassação. Os três nomes, integrantes da comissão, foram decididos em sorteio:
- Bruno Miranda (PDT), presidente da comissão;
- Edmar Branco (PCdoB), relator;
- Helton Júnior (PSD), 3º membro da comissão.
Conforme informado pela Câmara, o prazo de 90 dias para a apresentação do relatório final da comissão só passa a contar a partir da 1º reunião do grupo, que ainda não tem data definida.
De acordo com o relator, Edmar Branco, a previsão é que haja uma reunião amanhã para que o calendário seja decidido, mas garantiu que ao longo do processo de investigação, além de Ganem, outras testemunhas também sejam ouvidas.
‘Forasteiro’
A denúncia acusa Ganem de ser um “forasteiro” em Belo Horizonte. Nascido em São Paulo, o vereador foi eleito com 10.753 votos pela capital mineira nas eleições de 2024 para o primeiro mandato com a bandeira da causa animal.
Ganem vem de uma família tradicional de políticos do estado paulista. Ele é primo do deputado federal Bruno Ganem (Podemos-SP), filho da deputada estadual Clarice Ganem (Podemos-SP) e cunhado da vereadora da capital paulista Simone Ganem (Podemos-SP).
No início deste ano, Ganem passou a ser alvo de investigação da Polícia Federal (PF) por suspeita de fraude eleitoral. De acordo com as apurações, o vereador transferiu o domicílio eleitoral para Belo Horizonte no início de 2024, com o objetivo de disputar o pleito municipal, informando um endereço onde nunca teria morado.
Ainda segundo relatório da PF, em 2024, Lucas renovou a carteira de habilitação em São Paulo. No mesmo período, ele atuava como gerente de uma empresa de planos de saúde voltada a servidores públicos, no Paraná.
O vereador, desde então, tem evitado comentar o caso. No dia 12 de novembro, quando esteve na Câmara de forma presencial, o parlamentar pediu aos colegas que deixassem a “PF fazer o trabalho dela” na investigação do inquérito contra ele e se disse vítima de atitudes “covardes” dos outros parlamentares.