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Moradores do entorno da BR-381 dizem não terem sido informados sobre reassentamento

Pessoas que vivem na região relatam à Itatiaia incerteza e insatisfação com a possibilidade de serem realocadas para o bairro Capitão Eduardo

Moradores do entorno da BR-381 dizem não terem sido informados sobre reassentamento

Com o acordo para deslocar os moradores das margens da BR-381, na saída para Santa Luzia e Sabará, previsto para ser assinado no dia 7 de novembro, conforme antecipado pela Itatiaia nesta segunda-feira (13), incerteza, insatisfação e desconhecimento pairam entre os que vivem na região.

Conforme moradores ouvidos pela reportagem, houve pouca informação repassada diretamente a eles, e não há consenso sobre o deslocamento para o bairro Capitão Eduardo, para onde estão previstos os reassentamentos.

No dia 7 de novembro, haverá assinatura de um acordo fechado entre a Prefeitura de Belo Horizonte, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Tribunal Regional Federal (TRF) para que os moradores sejam realocados e deixem o local onde estão previstas obras de duplicação da “Rodovia da Morte”.

Em entrevista à Itatiaia, o ministro Antonio Anastasia, do TCU, anunciou a assinatura do acordo que pode colocar um ponto final no impasse sobre a obra no trecho mais complexo da BR-381.

O acordo é considerado fundamental para destravar um dos principais gargalos da BR-381. A duplicação da rodovia na região mais próxima de BH é considerada complexa, uma vez que as margens da via foram invadidas e milhares de famílias ocupam o local.

A salgadeira Ivone, que mora há 35 anos na Vila da Luz, conta que ficou sabendo do local do reassentamento pela imprensa, e que não houve contato da prefeitura com os moradores. Questionada sobre a possibilidade de ser realocada para o bairro Capitão Eduardo, Ivone lamenta.

“Nossa, muito muito ruim. Eu estive lá no terreno que estão falando que você vai desapropriar e vai colocar os pessoal, entendeu? Lugar muito ruim, lugar muito ruim de acesso. Eu vi lá que a escola não vai comportar 2.000 famílias igual está ali falado”, diz.

A gari Eliane, que vive na Vila da Luz desde 2016, pontua que a população local “não está sabendo de nada” sobre os reassentamentos. “A gente só sabe que vai ser retirado, mas para onde ninguém fala para onde vamos”, conta.

Sobre a possibilidade de ir para o Capitão Eduardo, ela comenta que é preciso avaliar a disponibilidade de serviços da região. “Tem que ver realmente como funciona o bairro, se tem melhoria, se tem uma Caixa, lotérica, uma escola boa para esses meninos, porque a gente tem que ficar andando para lá e para cá”, pondera.

Maria Neusa, dona de casa de 66 anos, também informou não saber para onde será realocada. Questionada sobre o bairro posto na negociação, ela diz que “o importante é nos tirar daqui”. “Mas eu acho que eu não vou querer. É apartamento, no caso. E eu não vou para o apartamento. E o serviço aqui, como é que vai trabalhar, né? Tem que ser um lugar onde a gente mora e trabalha. Igual aqui”, afirma.

Questionada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte informou, por meio da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), que “após a homologação do acordo no Tribunal de Contas da União, o cronograma das desapropriações será definido pelo Tribunal Regional Federal no âmbito do Programa Concilia”.

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Apaixonado por rádio, sou um bom mineiro que gosta de uma boa conversa e de boas histórias. Além de acompanhar a movimentação do trânsito, atuo também na cobertura de vários assuntos na Itatiaia. Sou apresentador do programa ‘Chamada Geral’ na Itatiaia Ouro Preto.
Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.