Ouvindo...

Justiça reverte liminar e autoriza repasse da prefeitura à Parada LGBTQIAPN+ de BH

Para a juíza, não houve provas concretas que justificassem a Ação Popular, de autoria de dos vereadores Uner Augusto e Pablo Almeida, que pedia a suspensão dos recursos

A decisão da desembargadora, no entanto, ainda não é definitiva.

Os organizadores da Parada LGBTQIAPN+ de Belo Horizonte conseguiram reverter a decisão liminar que impedia o repasse de R$ 350 mil para a realização do evento, que aconteceu no último domingo (20), na capital mineira. A desembargadora Yeda Monteiro Athias, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), concedeu, nesta terça-feira (22), o efeito suspensivo da liminar, até o julgamento do recurso.

Segundo a magistrada, a 26ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de Belo Horizonte é um “evento público legítimo, de caráter social e cultural único”, com o objetivo de promover a cidadania e os direitos da comunidade.

Ademais, o objetivo do evento é promover a cidadania e os direitos da população LGBTQIAPN+, buscando conscientização, justiça social e combate ao preconceito, alinhando-se aos direitos fundamentais previstos pela Constituição da República de 1988, sobretudo os direitos à liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana e vedação de quaisquer formas de discriminação”.
— diz trecho da decisão.
Leia também

Ainda de acordo com o documento, o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual e Identidade de Gênero de Minas Gerais (Cellos-MG) é responsável pela organização da Parada há mais de 22 anos, e os documentos apresentados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) indicam que o procedimento de contratação ocorreu de forma regular, “observando os limites e princípios estabelecidos em lei”.

Para a juíza, não houve provas concretas que justificassem a Ação Popular que pedia a suspensão dos recursos. “A petição inicial apresenta argumentos genéricos, desprovidos de elementos que indiquem minimamente qualquer ilegalidade ou imoralidade na relação contratual firmada entre o ente público [PBH] e o Cellos-MG”.

Justiça limita gasto da PBH

A quatro dias da realização da Parada, a Justiça havia determinado que o evento só poderia receber R$ 100 mil dos R$ 450 mil previstos inicialmente pela PBH, sob pena de responsabilização pessoal do prefeito da capital, Álvaro Damião (União Brasil), e do Executivo municipal.

A decisão, do juiz Danilo Couto Lobato Bicalho, da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Belo Horizonte, atendeu a uma Ação Popular ajuizada pelos vereadores Uner Augusto (PL) e Pablo Almeida (PL).

A Parada, no entanto, aconteceu no último domingo e contou com a presença de Damião e da ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo (PT).

Para a Itatiaia, o vereador Uner Augusto informou que a ação judicial segue em andamento e que irá continuar na “luta por responsabilidade com o dinheiro público e respeito às verdadeiras prioridades da cidade”.

Após uma decisão prudente e acertada do juiz ao limitar o repasse de verba pública à Parada LGBT, a segunda instância reverteu a decisão e autorizou o valor integral. Quem paga por isso é o cidadão belo-horizontino, obrigado a financiar um comício da esquerda disfarçado de evento cultural. É inadmissível que o pagador de impostos arque com esse palanque ideológico”.
— diz trecho da nota enviada para a reportagem.

Posicionamento do Cellos-MG

Em nota, o Cellos-MG afirmou que a decisão é uma “dupla vitória”, da Justiça e do movimento LGBTQIA+. A entidade afirmou que está resistindo “de forma incansável aos ataques covardes da bancada conservadora e reacionária”.

A decisão confirma o que o movimento social já sabia: trata-se de uma tentativa de silenciar pessoas LGBTQIA+. A Parada é um ato político que reivindica cidadania e gera um impacto econômico positivo de aproximadamente R$ 20 milhões na economia local”.
— diz trecho do comunicado.

O Cellos-MG afirmou que o processo segue para julgamento e irá contestá-lo, “demonstrando que essa é mais uma tentativa de silenciar e invisibilizar pessoas LGBTQIA+ sob o pretexto de defender o dinheiro público”.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.