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Estudo revela que 305 cidades mineiras não investiram em prevenção ao suicídio

As informações, referentes ao ano de 2023, fazem parte de um relatório temático sobre saúde mental, publicado durante o mês de conscientização do “Setembro Amarelo”

Um estudo feito pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) revelou que 305 das 853 cidades mineiras não investiram em prevenção ao suicídio em 2023.

Os dados mostraram que, enquanto Belo Horizonte, Barbacena e São João del-Rei lideram o ranking de maiores gastos em 2023 com a prevenção — R$ 27 milhões, R$ 16 milhões e R$ 5,7 milhões, respectivamente —, há municípios onde o investimento foi zero ou inferior a R$ 0,30 por habitante. É o caso de Pirapora (R$ 0,18), Bocaiúva (R$ 0,04), Santa Rita do Sapucaí (R$ 0,24) e Janaúba (R$ 0,23).

As informações, referentes ao ano de 2023, fazem parte de um relatório temático sobre saúde mental, publicado durante o mês de conscientização do “ Setembro Amarelo”.

Apesar dos números, o estudo aponta que, de forma geral, os investimentos em saúde mental vêm aumentando nas prefeituras mineiras nos últimos anos. Segundo o TCE-MG, em 2018 foram gastos cerca de R$ 48,5 milhões em ações voltadas à prevenção do suicídio. Já em 2023, o valor ultrapassou R$ 117 milhões, representando um crescimento de 142%.

Suicídios aumentam 25% e 35% em cidades que não investem

O panorama estadual mostrou um aumento de 25% na taxa de suicídio entre 2018 e 2023, passando de 7,37 para 9,3 suicídios por 100 mil habitantes.

Em 2022, período pós-pandemia de Covid-19, foram registrados 2.048 óbitos em Minas Gerais.

Adolescentes e jovens são os mais afetados

A análise de risco espaço-temporal realizada pelo TCE-MG identificou “bolhas” (chamadas de clusters) no estado onde o risco de suicídio é drasticamente maior do que o esperado.

  • Risco quintuplicado para adolescentes: O cluster mais significativo e com maior Risco Relativo (RR) encontrado foi entre mulheres de 15 a 19 anos. Nas microrregiões de Paracatu, Pirapora, Patos de Minas e Patrocínio, entre 2021 e 2023, essa população apresentou uma taxa de suicídio mais de cinco vezes maior (RR 5,35) do que o esperado para o restante do estado.
  • Vulnerabilidade masculina crônica: A taxa de suicídio entre homens, ajustada por idade, continua sendo quase quatro vezes maior do que entre mulheres.
  • Adultos jovens em risco: A maior concentração de suicídios em 2023 ocorreu na faixa etária de 30 a 39 anos (13,92 óbitos por 100 mil habitantes), seguida pela de 20 a 29 anos (12,66 óbitos por 100 mil habitantes).

Ainda segundo os dados da pesquisa, apesar do aumento do empenho dos municípios em gastos relacionados à saúde mental, a prevenção falha em alcançar as áreas de maior risco.

Em locais com alto risco de suicídio, a presença de profissionais especializados — como psicólogos e psiquiatras — pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é menor.

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Se precisar, peça ajuda

Sentimentos depressivos e pensamentos suicidas são sinais de alerta. Caso perceba qualquer sinal, recomenda-se procurar ajuda de familiares, amigos e também dos serviços de saúde.

Em emergências, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) estão disponíveis 24 horas por dia.

O Centro de Valorização da Vida (CVV) também realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma gratuita e anônima, 24 horas por dia, pelo telefone 188, e-mail, chat e VoIP.

Jornalista pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.