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Em evento do IDP, Jorge Messias defende autocontenção do Judiciário e respeito às escolhas do Congresso

Cotado para o STF, advogado-geral da União afirma que o Supremo deve preservar o equilíbrio entre os Poderes

XXVIII Congresso Internacional de Direito Constitucional, realizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília.

Durante a abertura do XXVIII Congresso Internacional de Direito Constitucional, realizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) em Brasília, o advogado-geral da União, Jorge Messias, defendeu nesta quarta-feira (22) uma postura mais contida do Judiciário em relação às decisões do Legislativo e do Executivo.

Segundo ele, os tribunais devem “acatar as escolhas legítimas feitas pelo legislador”, desde que não envolvam violações de direitos fundamentais ou afrontas a procedimentos democráticos. A fala foi interpretada como um recado em defesa da separação entre os Poderes e da segurança jurídica em meio às disputas políticas recentes.

“O Supremo deve respeitar os espaços do Legislativo e do Executivo nas formulações e execuções de políticas públicas”, afirmou Messias, destacando que o Judiciário deve agir com deferência diante da administração pública. Messias também ressaltou a importância de tornar os precedentes judiciais mais efetivos, com impacto direto na realidade social. Para ele, o constitucionalismo brasileiro deve buscar equilíbrio entre dogmática e pragmatismo, fortalecendo a atuação institucional sem invadir competências.

“O precedente não deve ser um comando abstrato, mas um instrumento de transformação concreta da nossa realidade”, disse. “A AGU segue comprometida com a segurança jurídica, a qualidade de vida dos brasileiros e a construção colaborativa das ações estruturais que o nosso tempo exige.”

Cotado para o STF, Messias reforça perfil institucional

A participação de Messias no evento ocorre em um momento de destaque político. Ele é apontado como favorito para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) aberta com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso. No governo Lula, Messias tem sido visto como uma figura de confiança e um defensor da harmonia entre os Poderes, discurso que reforçou no IDP diante de ministros, juristas e parlamentares.

O congresso, que acontece entre 21 e 23 de outubro, reúne nomes de peso do meio jurídico, como os ministros do STF Gilmar Mendes, Edson Fachin, André Mendonça e Flávio Dino; o ministro do TCU Bruno Dantas; o ministro da CGU Vinicius Marques de Carvalho; e o ministro do STJ Reynaldo Fonseca, entre outros.

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Câmara aprova mudanças no controle de constitucionalidade

No mesmo dia da fala de Messias, o deputado Alex Manente (Cidadania-SP) destacou na Câmara a aprovação de um projeto que regula o julgamento de controle de constitucionalidade no STF, tema que dialoga diretamente com o debate jurídico do IDP.

De autoria do deputado Márcio Telema (Cidadania-SP) e relatado por Manente, o texto busca organizar os ritos e procedimentos da Suprema Corte e reduzir o número de partidos legitimados a propor ações diretas de inconstitucionalidade.

“Queremos uma Suprema Corte mais concentrada no essencial, com ações movidas por partidos que realmente tenham representatividade nacional”, explicou Manente. Com o avanço do projeto e o protagonismo de Messias em debates constitucionais, o evento do IDP reforçou o papel do advogado-geral da União como voz moderada no governo e possível novo ministro do Supremo, um perfil técnico e institucional que Lula tem valorizado em suas últimas indicações.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.