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Derrite vai se licenciar da SSP para relatar PL que equipara facções a grupos terroristas

A direita quer equiparar facções criminosas como PCC e Comando Vermelho a grupo terrorista; governo Lula é contra

O Secretário de Segurança Pública de São Paulo e pré-candidato ao Senado em 2026, Guilherme Derrite (PP-SP)

O Secretário de Segurança Pública de São Paulo e pré-candidato ao Senado em 2026, Guilherme Derrite (PP-SP), pode se licenciar do cargo a qualquer momento para retomar o mandato de deputado federal e relatar o projeto que equipara as facções criminosas como Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) a grupos terroristas. O governo Lula é contra a medida.

Defendida pela direita, a pauta voltou a ganhar força na Câmara dos Deputados, em Brasília, após a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (28).

Interlocutores no governo de Tarcísio Freitas garantem que Derrite pode deixar a pasta da segurança ainda nesta semana. Oficialmente, o governo não crava uma data. Mas a Itatiaia apurou que há possibilidade que o licenciamento seja oficializado nesta quarta-feira (5).

Enquanto Derrite não chega ao Congresso, o relator do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) é o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

“Esta pauta é urgente e teremos a oportunidade de dar uma resposta firme ao crime organizado”, disse Nikolas ao saber que o PL estaria na pauta desta terça-feira (4) na CCJ da Câmara. Nikolas ressaltou que esse é um dos assuntos que irá travar “uma guerra contra a esquerda”.

Nikolas Ferreira abrirá mão de relatoria para Derrite

O parlamentar mineiro está disposto a abrir mão da relatoria do projeto para prestigiar o aliado, que tem larga experiência na área de segurança pública.

“Digo e repito: não tenho vaidade, ceder esse projeto pro Derrite é uma honra. Tenho certeza que está em boas mãos”, disse o parlamentar mineiro nas redes sociais.

Antes de entrar para a política, Derrite era tenente da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), considerada a elite da Polícia Militar de São Paulo. Como militar, ele também chefiou o pelotão de Força Tática do 49º Batalhão de Polícia Militar Metropolitana (BPM/M).

“As organizações criminosas atuam como terroristas há muito tempo. Precisamos tipificar essa atuação para que o custo do crime aumente”, afirmou Derrite à CNN Brasil.

Derrite pode fortalecer projeto e ter nome impulsionado rumo ao Senado, avalia direita

A experiência de Derrite com segurança pública e a identificação com o combate à criminalidade pode fortalecer a defesa da pauta no Congresso Nacional, segundo a avaliação da direita.

Em uma situação semelhante, Derrite deixou o cargo no Governo de São Paulo para relatar o projeto que defendia o fim das “saidinhas temporárias”. O projeto foi aprovado na Câmara e no Senado, o que foi considerado uma grande vitória para direita. O projeto foi vetado pelo presidente Lula, que posteriormente teve os vetos derrubados pelo Congresso Nacional.

Além de utilizar a experiência de campo para defender uma pauta importante para direita, Derrite também pode ter o nome impulsionado nacionalmente com o espaço que ganhará no debate durante a tramitação do projeto que equipara as facções criminosas a grupos terroristas.

Em um cenário que pode unir o útil ao agradável, Derrite pode ajudar a direita a aprovar a pauta, impor uma derrota ao governo Lula - que é contrário ao projeto - e ainda ter retorno eleitoral com o assunto, na avaliação de interlocutores que defendem o nome de Derrite.

Braço direito de Tarcísio, o secretário é pré-candidato ao Senado em 2026. Além da disputa pelo Palácio do Planalto, líderes da direita têm se articulado para emplacar o maior número possível de políticos conservadores no Senado Federal. Cabe ao Senado analisar que se tornaram importantes para direita como o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal.

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Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.