Ouvindo...

PSOL entra na Justiça para suspender lei que autoriza uso da Bíblia em escolas de BH

O diretório mineiro do partido afirma que a decisão de incluir uma nova fonte pedagógica de ensino não cabe ao município

O PSOL afirma que a lei fere a liberdade religiosa, liberdade de ensino e a proteção integral da criança e do adolescente.

O diretório de Minas Gerais do PSOL entrou com uma ação na Justiça pedindo a suspensão da Lei 11.862, promulgada pela Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) na última quinta-feira (29). O texto, de autoria da vereadora Flávia Borja (DC), permite que escolas públicas e particulares realizem a leitura da Bíblia como material didático e pedagógico.

No documento encaminhado ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o partido argumenta que o município não tem competência para legislar sobre diretrizes e bases da educação, sendo essa uma responsabilidade dos Estados e da União.

Caso o aluno ou família exerça o direito ao livre exercício de crença e facultar por não participar das atividades previstas na Lei, terá seu acesso à educação limitado de forma discriminatória”.
— diz trecho da ação.

De acordo com o PSOL, a implementação da lei também afronta o princípio da laicidade estatal, que exige a neutralidade do Estado em relação às religiões. “O favoritismo religioso em escolas não confessionais, especialmente as públicas, afronta o princípio da laicidade do Estado e vai contra a liberdade religiosa, pois o Estado fomentaria uma religião em detrimento das demais”, argumenta o partido.

Leia também

A legenda solicita que seja concedida, liminarmente e com urgência, uma medida cautelar para suspender os efeitos da lei. Segundo o PSOL, o texto impacta a grade curricular, o planejamento pedagógico e até o orçamento das instituições de ensino, especialmente em disciplinas como história, literatura e geografia.

O partido também pede que o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), e o presidente da Câmara Municipal, vereador Juliano Lopes (Podemos), sejam notificados para prestar esclarecimentos, caso necessário.

Acreditamos que, quando a Câmara aprova uma lei inconstitucional, é nosso papel acionar a Justiça para que a Constituição seja cumprida e nenhuma religião seja imposta”.
— afirmou a vereadora Iza Lourença (PSOL).

O projeto

O projeto de lei da vereadora Flávia Borja foi aprovado pelos vereadores em segundo turno no dia 8 de abril. Foram 29 votos a favor, oito contrários e duas abstenções.

O texto prevê que histórias bíblicas possam ser utilizadas como apoio a projetos escolares nas áreas de história, ensino religioso, literatura, artes e filosofia. As atividades, no entanto, seriam optativas, e os estudantes não seriam obrigados a participar.

A lei foi sancionada pelo presidente da CMBH, já que o prefeito da capital mineira não se manifestou dentro do prazo previsto.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.