O Partido dos Trabalhadores (PT) promoveu neste fim de semana, em Brasília, um encontro nacional marcado por mudanças simbólicas, ajustes internos e ataques a adversários políticos. A legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou o verde, amarelo e azul em sua cenografia, aprovou um novo regimento interno e reforçou o tom contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A escolha das cores da bandeira nacional, tradicionalmente associadas ao campo bolsonarista, foi apresentada como tentativa de “retomar” a simbologia patriótica para a esquerda. O auditório do evento ficou praticamente sem vestígios do vermelho que costuma marcar as reuniões petistas.
Principais pontos do encontro:
- Mudança simbólica: adoção das cores da bandeira nacional como estratégia de comunicação.
- Críticas a Trump: novo regimento interno traz ataques à política externa do presidente americano, classificada como “tardia, improvisada e prejudicial à economia global”.
- Ação contra Eduardo Bolsonaro: presidente interino do PT, Humberto Costa, anunciou que pedirá a cassação do deputado por declarações contra o Brasil e articulações nos EUA.
- Presença de condenados no Mensalão: José Dirceu e Delúbio Soares, com condenações anuladas, foram ovacionados e já articulam retorno à disputa eleitoral.
- Defesa de Kirchner: Costa pediu libertação da ex-presidente argentina e abriu espaço para aliados latino-americanos discursarem.
Humberto Costa acusou Eduardo Bolsonaro de “afrontar o país” e de ter buscado apoio externo para medidas de sanção contra autoridades brasileiras. Segundo ele, o partido levará o caso ao Conselho de Ética da Câmara.
O novo regimento interno também foi palco para críticas a Donald Trump. O texto aponta que o “tarifaço” americano, que afeta 180 países, teria potencial de provocar “uma crise econômica e financeira em escala global”.
Entre os discursos mais aplaudidos esteve o da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que reforçou o discurso de soberania nacional: Estamos discutindo que esse país é soberano, e não é quintal ou celeiro dos Estados Unidos.
O evento ainda contou com forte presença de lideranças históricas. José Dirceu e Delúbio Soares, figuras centrais no escândalo do Mensalão, participaram ativamente, foram recebidos com aplausos e já se movimentam para disputar vagas na Câmara dos Deputados em 2026.
A agenda internacional também entrou no debate. Representantes do Partido Justicialista, da Argentina, estiveram presentes e ouviram o apoio do PT à libertação de Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar no país vizinho.