Em seu primeiro discurso após a vitória, o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez uma defesa enfática do Congresso e teceu críticas ao sistema presidencialista. O deputado paraibano
“Os constituintes estabeleceram a corresponsabilidade e a coparticipação do governo. Portanto - e aqui cabe fazer uma importante observação do ponto de vista histórico. Não dialogo neste momento com as circunstâncias: o Legislativo jamais avançou em nenhuma prerrogativa, no presente ou no passado presente. A rigor nunca”, afirmou Motta.
Ele também criticou o chamado “presidencialismo de coalizão” e classificou a prática como um “empréstimo do poder semipresidencial do Legislativo ao Executivo”.
“Ou seja, saímos do presidencialismo absolutista por obra e graça de uma Constituição legítima e promulgada e, pelas circunstâncias, resvalamos por outros meios para um absolutismo presidencial que a Constituição não previa através do arranjo da cooptação do parlamento, do toma lá dá cá, de uma espécie de arrendamento do poder do legislativo pelo executivo”, completou.
Motta fez várias menções ao ex-deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte, e citou a célebre frase do peemedebista: “Tenho ódio e nojo à ditadura”. Neste momento, deputados governistas gritaram “sem anistia” no plenário, em referência à tentativa de perdoar os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Por fim, o novo presidente da Câmara disse que o Brasil não pode errar e encerrou o discurso com a frase “ainda estamos aqui”, mesmo título do filme de Walter Salles, indicado ao Oscar.