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Saiba por que os deportados brasileiros desembarcam no Aeroporto de Confins

Aeroporto Internacional de Belo Horizonte é o principal ponto de chegada para brasileiros que volta do país norte-americano

Aeroporto Internacional de Confins

O Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, é considerado o principal destino para voos de deportação de brasileiros provenientes dos Estados Unidos. Desde 2019, mais de 9.000 brasileiros deportados desembarcaram no terminal mineiro, distribuídos em mais de 100 voos fretados.

A escolha de Confins para esses desembarques está relacionada a diversos fatores logísticos, administrativos e de infraestrutura. A proximidade geográfica com regiões de alta emigração facilita o retorno dos deportados às suas áreas de origem, de acordo com a professora Gisela P. Zapata, do Departamento de Demografia, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG.

“A região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, e o estado de Goiás, são dois epicentros importantes de emigração internacional do Brasil para os Estados Unidos. Com base nesse fato, aparentemente há um acordo dos governos brasileiro e americano para o uso do aeroporto”, diz.

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Além disso, o terminal mineiro possui capacidade operacional robusta, com boas conexões aéreas e terrestres para outras partes do país. Concentrar os voos de deportação em um único aeroporto também simplifica o controle administrativo pelas autoridades brasileiras.

“O aeroporto de Confins é um hub aéreo importante e possui boas conexões aéreas e terrestres com o resto do país”, diz a professora, que destaca ainda as vantagens de deslocamento do terminal em relação a outros grandes centros urbanos.

“Concentrar os voos de deportação em um único aeroporto facilita o controle administrativo, permitindo às autoridades organizar de forma mais eficaz o recebimento e triagem das pessoas deportadas. Confins seria ideal também porque, apesar de ser um aeroporto internacional e ter uma boa infraestrutura, é menos congestionado em comparação a outros aeroportos importantes como Guarulhos, por exemplo”, explica.

A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o Itamaraty e com a Polícia Federal para mais esclarecimentos e aguarda retorno.

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Posto de acolhimento

Recentemente, o governo brasileiro anunciou a criação de um posto de acolhimento para migrantes deportados em Confins, após controvérsias sobre as condições de um voo que trouxe 88 brasileiros.

Durante uma parada não programada em Manaus, devido a problemas técnicos, os deportados permaneceram algemados. Houve também denúncias de agressão aos brasileiros por parte de agentes norte-americanos.

O Ministério das Relações Exteriores diz que busca esclarecimentos de Washington sobre o “trato degradante” relatado. O centro de recepção visa garantir boas condições de água, comida e temperatura para os deportados.

A decisão foi tomada após o grupo com 88 brasileiros que desembarcaram em Confins no último sábado, ter relatado estas e outras condições inadequadas de voo, incluindo a falta de ar condicionado.


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Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.