O ex-presidente Jair Bolsonaro (PF) teria se reunido pelo menos duas vezes com os comandantes militares para pressionar por uma adesão à tentativa de golpe de Estado coordenada por ele.
A informação consta no relatório da Polícia Federal (PF) com as conclusões da investigação do caso. O documento foi tornado público nesta terça-feira (26) por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PF, Bolsonaro se reuniu com os comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, no Palácio da Alvorada, em 7 de dezembro de 2022.
Durante o encontro, Filipe Martins, então assessor da Presidência, teria apresentado a minuta do decreto para instaurar o golpe de Estado.
O texto teria sido aprimorado e novamente apresentado aos comandantes das três forças, mas os chefes do Exército e da Aeronáutica resistiram a embarcar na trama golpista.
Diante disso, segundo a PF, Bolsonaro teria se reunido em 9 de dezembro com o comandante de Operações Terrestres, general Estevam Theophilo, que aceitou executar as ações a cargo do Exército, caso o então presidente assinasse o decreto.
A previsão era que o golpe de Estado fosse consumado em 15 de dezembro daquele ano, quando militares das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, executariam a “ordem de prisão/execução” do ministro Alexandre de Moraes.
No dia seguinte, seria criado o “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”. De acordo com a PF, esse órgão seria formado “em quase a totalidade por militares”, com poucos civis, e seria comandado pelos generais Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Walter Braga Netto, candidato à vice-presidente na chapa de Bolsonaro.