O estímulo ao mercado de crédito imobiliário pelo programa Acredita, lançado pelo Palácio do Planalto nesta segunda-feira (22), impulsionará a confiança do setor da construção civil no crescimento econômico do país. É como avalia o empresário mineiro Rubens Menin. A análise foi feita durante a cerimônia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O setor está muito confiante e acreditando muito na indústria da construção”, declarou.
O fundador da MRV Engenharia representou o setor no lançamento do pacote de medidas do governo federal dedicado à reestruturação do mercado de crédito no país. Um dos quatro eixos do Acredita é dirigido às famílias de classe média que não se enquadram no Minha Casa, Minha Vida. Elas terão crédito facilitado para aquisição da casa própria. Na fala dirigida a Lula e à equipe de ministros liderada por Fernando Haddad, Menin elogiou a proposta que afeta a construção civil.
“Estou otimista. É um programa muito bem feito, e esse programa secundário para a construção civil precisa ser incentivado. Acredito que vá trazer muitas novas unidades para o Brasil, com mais empregos, crescimento econômico e crescimento do PIB [Produto Interno Bruto. No Brasil, há muito espaço para crescermos”, acrescentou.
O ministro Haddad também criticou o atual cenário brasileiro, onde o investimento no setor imobiliário é considerado pequeno, prejudicando o acesso à casa própria e também o amplo funcionamento do setor de construção civil. “Tem país do mundo que tem, de crédito imobiliário, mais de 100% do seu PIB. Tem países que tem de 70 a 90% do PIB em crédito imobiliário, países pares do Brasil tem entre 25 a 30% do crédito imobiliário. Temos 9%”, exemplificou.
Apesar dos elogios à iniciativa, Menin engrossou o coro dos que criticam a taxa de juros hoje vigente no Brasil e endossou o apelo pela redução da Selic. “Temos um inimigo comum. O senhor [presidente Lula] e o ministro [Haddad] têm lutado contra os juros. Ele pega a todos, do pequeno empreendedor às grandes empresas. É impossível competir com os juros do tamanho que eles estão. Precisamos trabalhar para minimizar. É uma hora boa para esses programas de crédito. Os juros penalizam as pessoas e são um inimigo nosso”, acrescentou o empresário, que também é controlador do Banco Inter, da Log Commercial Properties, da CNN Brasil e da Itatiaia.
A perspectiva é, aliás, de aumento da pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, pela redução da taxa básica de juros, nos próximos dias. Isto porque no início do próximo mês haverá uma nova reunião do colegiado; e o mercado teme a desaceleração do ritmo de corte da Selic, da ordem de 0,5% a cada 45 dias desde agosto.
A inflação e o cenário econômico estão ligados diretamente à taxa básica de juros, e, apesar do temor, Menin endossou o otimismo da indústria na economia brasileira. “Quero destacar que, no ano passado, a pesquisa Focus, do Mercado Central, previa uma inflação ruim e um crescimento ruim do PIB. O ministro Haddad lembra bem disso. Mesmo com os juros altos, conseguimos vencer. Acredito que em 2024 acontecerá o mesmo. Vamos entregar mais. Estamos comprometidos com o Brasil. Todos temos que remar juntos para o mesmo lado”, avaliou.