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Vídeos mostram fazenda Aroeiras, em Lagoa Santa, antes de ocupação do MST

Pedido de reintegração foi recusado e juiz citou que imagens foram publicadas horas depois de ocupação do Movimento Sem Terra

Vídeo mostra fazenda em Lagoa Santa antes de ocupação do MST

Dois vídeos incluídos no pedido de reintegração de posse apresentado por herdeiros da fazenda Aroeiras, em Lagoa Santa, na Grande BH, mostram um homem com sua família que estaria cuidando de bois e vacas na propriedade.

Na madrugada de sexta-feira (8), cerca de 500 famílias do Movimento Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda que fica em Lagoa Santa.

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O pedido de reintegração foi recusado pela Justiça no sábado (9). O juiz Christyano Lucas Generoso, em sua decisão, apontou que as imagens foram postadas na internet horas depois que os integrantes do MST ocuparam a fazenda, não comprovando a posse prévia.

“Verifica-se, ainda, o vídeo cujo link foi apresentado na inicial foi postado há 16 horas, ou seja, depois do suposto esbulho não demonstrando assim a posse prévia que é requisito para concessão da liminar possessória”, diz o magistrado.

Em sua decisão contra a reintegração, o juiz avaliou que o pedido apresentado pelos supostos herdeiros da propriedade não comprovou a posse da fazenda.

“No presente caso, entendo que não restou suficientemente demonstrada a posse, pois a parte autora se limitou a juntar fotos na qual se verificam três pessoas perto de criações bovina e suína, a partir das quais não é possível identificar inequivocamente o imóvel descrito na inicial. Outrossim, a parte autora afirma na inicial que há caseiros no imóvel, mas deixa de juntar respectivo contrato de comodato, ou ainda, depoimento dos referidos registrados por ata notarial”, lê-se em trecho da sentença.

Segundo o MST, o terreno está improdutivo e abandonado pelos proprietários. “Ocupamos para plantar árvores e alimentos, cuidar das águas nessa região metropolitana tão carente desse recurso, que já foi tão abundante nessa região. Ocupamos porque as terras e os bens da natureza de Minas são do povo mineiro, e não para Zema seguir entregando às suas aliadas, as mineradoras”, disse Luana Oliveira, da direção do MST em Minas.

Conselheiro do TCE questiona gastos da PM

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG), Durval Ângelo, enviou um áudio para os integrantes do MST que participam da ocupação na fazenda Aroeiras, em Lagoa Santa, dizendo que vai pedir explicações ao governo de Minas e à Polícia Militar sobre os gastos em uma operação na propriedade.

“Segunda e terça-feira eu vou entrar com um pedido de auditoria sobre os gastos da Polícia Militar na reintegração de posse. Partido do princípio que não foi dada pela Justiça a reintegração de posse, não justifica esses gastos enormes da PM com essa operação. Que tivesse um policiamento mínimo, tudo bem. Vou entrar pedindo que seja notificado o governador e o comandante da PM. Que o tribunal calcule os gastos para ressarcimento ao poder público dos gastos tidos em excesso. E pedir informações como a PM está proibindo as pessoas, no direito de ir e vir, de entrar na ocupação. Se tivesse uma decisão judicial favorável, poderiam alegar a proteção da propriedade, mas a gente vê que estão sendo usados recursos públicos para se proteger a propriedade privada, quando os recursos públicos devem ser usados para proteger a população”, diz o conselheiro do TCE-MG.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.