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Bolsonaro queria que OAB e PF assinassem nota questionando lisura das eleições

Em reunião com a alta cúpula do governo, o então presidente Jair Bolsonaro informou que se reuniria com embaixadores para questionar segurança das eleições

Reunião com alta cúpula do governo antecedeu encontro com embaixadores que levou Bolsonaro à inelegibilidade

Na reunião com aliados próximos a pouco mais de três meses da eleição, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu que ministros pressionassem a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Polícia Federal (PF) para que assinassem uma nota questionando a segurança do sistema eleitoral no Brasil.

“Olhem pra minha cara, por favor. Todo mundo olhou pra minha cara? Acho que não tem bobo aqui!”, começou. “Eu acredito que essa proposta de cada um da Comissão de Transparência Eleitoral tem que… Quem responde pela CGU vai, quem responde pelas Forças Armadas aqui… É botar algo escrito, tá? Pedir à OAB. Vai dar… A OAB vai dar credibilidade pra gente, tá? Polícia Federal… dizer… uma nota conjunta com vocês, com vocês todos… topam… que até o presente momento dadas as condições de… de… se definir a lisura das eleições são simplesmente impossíveis de ser atingidas”, declarou Jair Bolsonaro.

O encontro registrado pelo à época ajudante de ordens Mauro Cid é prova no inquérito da PF que investiga a arquitetura de um golpe de Estado por Bolsonaro e aliados — e que levou à operação Tempus Veritatis nessa quinta-feira (8). A gravação dessa reunião ocorrida em 5 de julho de 2022 veio a público nesta sexta-feira (9) por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

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Inelegível. Após as declarações que põe em xeque a lisura das eleições, Bolsonaro confirma que fará uma reunião com embaixadores para tratar sobre o tema. O encontro em questão com representantes estrangeiros ocorreu em 18 de julho de 2022, e é justamente aquele que levou à condenação de Bolsonaro à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A corte presidida pelo ministro Alexandre de Moraes entendeu que, na reunião transmitida pela TV Brasil, houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. No evento no Palácio da Alvorada, Bolsonaro atacou a segurança das urnas eletrônicas.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.