O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, ameaçou processar o deputado Marcos Pollon (PL-MS) devido a um questionamento, visto pelo ministro como uma insinuação de que ele, como advogado, teria relação com o Comando Vermelho. Durante participação em audiência pública, na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (5), Silvio Almeida ficou indignado ao ser questionado sobre suposta ligação com a facção criminosa, por conta da presença de Luciane Barbosa Farias, esposa de Clemilson dos Santos Faria, apontado pela polícia como um dos líderes do Comando Vermelho no Amazonas, em duas agendas no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“O senhor perguntou se eu tenho relação, e se a minha relação antecede. Eu queria entender a questão”, questionou o ministro. “É público e notório que o senhor recebeu a Dama do Tráfico, em seu ministério, e que o seu ministério custeou a vinda dela aqui. O senhor, como advogado, tinha relações anteriores com o Comando Vermelho, ou essas relações só se deram após a sua posse como ministro?”, perguntou o deputado Marcos Pollon.
O ministro foi convidado pelos parlamentares para falar sobre o pagamento de passagens e diárias para Luciane Barbosa Farias, esposa de um suposto líder do Comando Vermelho no Amazonas, que participou de agendas no Ministério da Justiça e Segurança Pública, este ano, com passagens e diárias pagas pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Luciane Barbosa Farias participou de audiências com os secretários de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, e de Políticas Penais, Rafael Velasco.
O ministro Silvio Almeida disse que o parlamentar fez uma insinuação caluniosa e difamatória. “Esse encontro nacional foi feito a partir de uma indicação feita pelo estado do Amazonas, e o senhor está perguntando sobre minha relação, como advogado, com uma facção criminosa notoriamente conhecida. Me parece, que o que o senhor está fazendo é uma insinuação difamatória e caluniosa”, afirmou. “Não tenho relação com o crime organizado, a sua pergunta faz uma insinuação maliciosa”, declarou. O ministro se referiu a participação de Luciane Barbosa Farias em agendas no Ministério da Justiça e Segurança Pública, com diárias e passagens custeadas pela pasta dos Direitos Humanos e Cidadania.
O bate boca se prolongou por cerca de dez minutos, mesmo com a intervenção da presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputada Bia Kicis (PL-SP), que comandou a audiência pública na Câmara dos Deputados. “Uma vez que o senhor fez esse tipo de pergunta, sendo um advogado experiente e professor de direito, e um homem em que eu reconheço inteligência, o senhor sabe muito bem que esse tipo de pergunta traz, embutida, uma insinuação que é criminosa, e eu vou tomar as medidas cabíveis, porque o senhor não pode fazer isso com um ministro de Estado e pai de família”, afirmou Silvio Almeida. “Eu não estou insinuando, estou fazendo uma pergunta”, respondeu o parlamentar.
O deputado Marcos Pollon disse que uma simples verificação no Tribunal de Justiça do Amazonas esclareceu que Luciane Barbosa respondia a uma ação por suposta ligação com o Comando Vermelho. Ela foi condenada em 8 de outubro, depois de ter as passagens e diárias pagas.
O ministro afirmou que Luciane Barbosa foi indicada por membros do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, do Amazonas, e, que a ida dela à Brasília foi marcada antes da condenação na Justiça.