A deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) apresentou, ao Ministério Público Federal (MPF), uma denúncia contra o colega Cristiano Caporezzo (PL). Ela entende ter sido vítima de violência política de gênero. A parlamentar acionou, ainda, a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
As representações, apresentadas nessa segunda-feira (6), estão relacionadas a um vídeo em que Caporezzo divulgou imagens de Bella para questionar a escolta policial garantida a ela. A deputada do Psol recebe segurança de agentes da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) depois de ter recebido ameaças de morte. Ela chegou a ser alvo, também, de mensagens intimidadoras que continham a expressão “estupro corretivo”.
“Cobramos respostas dos poderes para que possamos exercer nossos mandatos livres de violência”, disse Bella, ao comentar as representações contra Caporezzo.
O vídeo sobre a escolta da deputada foi publicado por Caporezzo no fim de outubro. Na gravação, ele mostra uma filmagem em que Bella aparece em um bar. Nas imagens, é possível ver uma viatura policial nos arredores do estabelecimento. Ele, então, questiona a escolta fornecida em tempo integral à colega de Assembleia, inclusive nos compromissos pessoais.
Caporezzo excluiu o vídeo das redes sociais e afirmou, a outros deputados, ter tomado a decisão para prezar pelo “bom relacionamento” com os colegas. Antes disso, porém, uma decisão judicial determinava a remoção do conteúdo. As imagens de Bella sob escolta em um bar foram inicialmente publicadas por um homem que, em 2020, foi candidato a vereador na cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Procurado pela reportagem, Caporezzo negou ter praticado atos de violência contra a mulher criticou a colega. “O que a deputada Bella Gonçalves quer é ter a liberdade para atacar de maneira agressiva e desrespeitosa seus opositores e depois se esconder atrás do argumento que estaria acima de qualquer crítica por ser mulher. Tenho várias filmagens onde ela me insulta com xingamentos, ataca minha honra pessoal, colocando a minha masculinidade em questionamento. Até mesmo um assessor dela chegou ao ponto extremo de me agredir fisicamente”, apontou.
“Tenho todas as ações desprezíveis praticadas por ela bem registradas e filmadas e confio que a verdade vai vencer o vitimismo mentiroso e manipulativo”, completou.
A queixa de Caporezzo sobre a agressão por parte de um assessor de Bella foi negada pela parlamentar. No mês passado, ela afirmou que a divulgação do vídeo deu forma a uma “rede de ódio”.
"(Caporezzo) pegou um vídeo que, inclusive, foi interditado pela Justiça e apresenta calúnia e difamação sobre mim, a partir de um registro de eu sentada, tranquila, em um bar, em um domingo, em um horário de descanso. E joga nas redes sociais para tentar, com isso, criar polêmica. Uma rede de ódio se movimenta a partir daí. Um vídeo vira dois, três e uma série de xingamentos de caráter machista e misógino. Alimenta as mesmas redes de ódio que estão, hoje, nos ameaçando”, protestou, à ocasião.
Denúncia contra assessora
Bella Gonçalves acionou, ainda, a Polícia Legislativa da Assembleia de Minas. Ela denunciou, à corporação, uma funcionária do gabinete de Caporezzo que, segundo a equipe da política do Psol, fez “imagens ilegais que foram deturpadas na edição do vídeo publicado”. O vídeo citado por ela foi gravado durante sessão da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento, um dia após a divulgação das imagens da escolta.
O parlamentar do PL disse que a assessora agiu sob seu “comando”. “Quando Bella começou a me xingar gratuitamente, falei para a minha assessora filmar o que estava acontecendo justamente para ter prova do crime praticado pela pessolista”, defendeu-se.