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Federalização da Codemig: ministério diz que pedido de Zema está em ‘tramitação interna’

Equipe de Fernando Haddad na Fazenda federal recebeu documento em que governador mineiro propõe repassar estatal à União para amortizar dívida pública bilionária

Entrega da empresa à União passou a ser aventada na semana passada

O ofício enviado pelo governador Romeu Zema (Novo) para propor, à equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a federalização da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), está em “tramitação interna” no Ministério da Fazenda. A informação foi confirmada nesta terça-feira (31) à Itatiaia pela equipe do ministro Fernando Haddad (PT), após a reportagem indagar a pasta sobre o andamento da solicitação feita por Zema.

Embora tenha confirmado o recebimento do documento, a Fazenda afirma que, por ora, não pode precisar quanto tempo a análise da proposta de Zema vai levar. A pasta também não soube informar como serão as etapas para examinar a viabilidade da negociação.

A entrega, ao governo federal, do controle da Codemig, é opção para diminuir a dívida pública do estado junto à União, que gira em torno de R$ 160 bilhões. A federalização da estatal é alternativa à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), criticado por deputados estaduais de oposição a Zema, que temem prejuízos ao funcionalismo e a políticas públicas.

Como já mostrou a reportagem, deputados de Minas Gerais se articulam em prol de uma reunião com Haddad para defender a federalização da estatal. A ideia é promover o encontro nesta semana ou, no mais tardar, na próxima.

A Codemig é responsável, por exemplo, pela exploração de jazidas de nióbio localizadas em Araxá, no Alto Paranaíba.

Recuperação Fiscal segue em outra frente

Embora o governo Zema aceite negociar a Codemig com o governo federal para aliviar os problemas de caixa do estado, o plano de Recuperação Fiscal proposto pelo Palácio Tiradentes continua em tramitação na Assembleia Legislativa. Nesta terça-feira, o texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e agora, precisa passar por mais dois comitês antes de ser votado pelo conjunto de deputados em 1° turno, no plenário.

Líder de Zema na Assembleia, o deputado João Magalhães (MDB) diz que os debates sobre a federalização da Codemig não inviabilizam, neste momento, o andamento da Recuperação Fiscal no Legislativo.

Temos de colocar o projeto para andar, independentemente de uma negociação paralela do governo com a Secretaria do Tesouro Nacional. Se vier uma sinalização positiva do governo federal (sobre a Codemig), vamos suspender para a gente avaliar a viabilidade — e se o governo realmente vai aceitar. E, se aceitar, partir logo para a avaliação (do valor da empresa). Tenho certeza que isso vai ser feito por pessoas competentes, a partir de um instituto ou de um banco. Mas é uma boa alternativa (para aliviar a dívida”, afirma.

A federalização da Codemig tem encontrado apoio entre deputados aliados a Zema e parlamentares de oposição. Há, porém, divergências em torno do valor da empresa.

Enviado à Assembleia antes de a federalização entrar em pauta, o plano de Recuperação Fiscal sugere a venda da estatal como contrapartida à renegociação da dívida pública. No documento, o Executivo projeta obter receitas superiores a R$ 20 bilhões com a eventual privatização. Na oposição, porém, cálculos amparados em consultorias feitas por empresas do setor privado apontam que a empresa vale ao menos R$ 70 bilhões.

Segundo Doutor Jean Freire (PT), um dos líderes do bloco opositor a Zema, o debate sobre o possível repasse da Codemig deveria paralisar a tramitação da Recuperação Fiscal.

“Até que ponto ele quer, realmente, dialogar (sobre) isso? Era momento de o governo dizer, à bancada, ‘vamos retirar o projeto porque tive uma nova ideia, de entregar a Codemig’. É um diálogo que pode ser feito com o governo federal. Seria uma maneira de protegermos ainda mais os servidores”, defende.

Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.