A CPMI do 8 de Janeiro chega ao final com uma vasta lista de promessas e expectativas frustradas.
O colegiado aprovou mais de 180 requerimentos de convocação, mas apenas 20 depoimentos foram agendados.
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Ao fim, somente 18 pessoas falaram aos congressistas, já que dois depoentes obtiveram no STF o direito de não comparecer e nem sequer foram à comissão.
Como havia requerimentos coincidentes, foram 43 pessoas convocadas no total.
Destes, ficaram à espera de uma definição da cúpula da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito 23 depoimentos. Este é o número de pessoas que já tinham a convocação aprovada e simplesmente não foram chamadas.
É o caso do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto, que chegou a ter o depoimento agendado, mas houve um recuo por parte do presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA).
Fica fora dessa conta o nome do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ouvido pelo colegiado em julho, teve um requerimento aprovado de uma nova convocação depois de assinar delação premiada com a Polícia Federal e, no fim, não foi reconvocado.
A falta de foco dos governistas, que formaram maioria numérica na CPMI, fez com que muitos alvos fossem ventilados, mas pouco se traduzisse em oitivas e iniciativas do colegiado.
Falou-se em convocar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em promover uma acareação entre ele e Mauro Cid, em oferecer delação premiada ao ex-ajudante de ordens. Nada disso foi tirado do papel.
Também ficou no plano das ideias o pedido de acesso aos relatórios de informações financeiras de Jair e Michelle Bolsonaro.
A atuação do presidente do colegiado atrapalhou os planos dos aliados de Lula (PT). Arthur Maia advogava por um andamento dos trabalhos com “equilíbrio”, tentando contemplar os pleitos de situação e oposição.
Desde agosto, não houve sessão deliberativa diante da falta de acordo entre governistas e oposicionistas.
Com tudo isso, o saldo da CPMI aponta para um estoque de objetivos não cumpridos. O próprio plano de trabalho da relatora, Eliziane Gama, não foi realizado.
A investigação sobre os financiadores dos atos, por exemplo, foi limitada. Só um suposto financiador foi ouvido, o proprietário rural Argino Bedin, conhecido como o “pai da soja”.