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Julgamento do recurso de Bolsonaro contra inelegibilidade segue no TSE, e três ministros ainda precisam votar

Nessa sexta-feira à noite, ministros formaram maioria para rejeitar o recurso de Jair Bolsonaro contra a decisão que o condenou à inelegibilidade por 8 anos

Tribunal Superior Eleitoral

Os ministros Kássio Nunes Marques, Raul Araújo e Floriano de Azevedo Marques têm até a próxima quinta-feira (28) para apresentar seus votos no plenário online do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julga o recurso apresentado pelos advogados de Jair Bolsonaro (PL) contra a decisão que o condenou à inelegibilidade por oito anos.

Nessa sexta-feira (22), a Corte compôs maioria para rejeitar a ação da equipe do ex-presidente da República e mantê-lo inelegível. Até a noite passada, quatro dos sete ministros que compõem o TSE decidiram pela rejeição do recurso, são eles: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Benedito Gonçalves e André Ramos Tavares.

No início do mês passado, os advogados que representam Jair Bolsonaro assinalaram que ingressariam com um recurso na Corte contrário à decisão que tornou o político inelegível. Diante da rejeição, o ex-ministro Tarcísio Vieira, à frente da defesa de Jair Bolsonaro, poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Julgamento no TSE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou Jair Bolsonaro à inelegibilidade por oito anos após julgamento ocorrido na Corte Eleitoral em junho. Na ocasião, cinco ministros se posicionaram favoráveis à condenação e dois contrários — ministros Kássio Nunes Marques e Raul Araújo. A ação analisava se o ex-presidente cometeu crime de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O processo se originou de uma representação do PDT após um encontro do então presidente da República com embaixadores de países estrangeiros em julho do ano passado. Na reunião transmitida pela TV Brasil, que pertence à comunicação estatal, Bolsonaro atacou o sistema eleitoral e pôs em xeque a segurança das urnas eletrônicas.

Foram favoráveis à condenação de Jair Bolsonaro:

  • Alexandre de Moraes;

  • André Ramos Tavares;

  • Benedito Gonçalves;

  • Cármen Lúcia;

  • Floriano de Azevedo Marques.

Bolsonaro X Alexandre de Moraes

Último a votar no julgamento sobre a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou durante sessão que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma “resposta” da Justiça Eleitoral.

“Com a decisão, (a Corte) confirma a fé na democracia, a fé no Estado de Direito”, declarou, completando ainda que a condenação de Bolsonaro servirá como exemplo para candidatos nas próximas eleições.

“Será importante para as eleições de 2024, 2026 e assim por diante, para que pré-candidatos e candidatos não usem seus cargos públicos para disseminar notícias fraudulentas sobre o sistema eleitoral”, disse. “A definição de hoje é importante para proteção da lisura das eleições. Não importa qual candidato, não importa qual ideologia, o TSE se preocupa com o tratamento isonômico”, afirmou.

Ainda no voto proferido, o ministro Alexandre de Moraes respondeu ponto a ponto as acusações do ex-presidente Bolsonaro sobre o sistema eleitoral. “Foi um encadeamento de mentiras e notícias fraudulentas”, declarou. “Ao agir assim, usando dinheiro público, a estrutura do Palácio da Alvorada e a TV público, configura-se o abuso de poder”, completou.

O presidente do TSE não poupou adjetivos para classificar a reunião de Bolsonaro com os embaixadores. “Foi uma produção cinematográfica com a TV Brasil e vídeos das reuniões transmitindo desinformação em tempo real”, criticou.

Moraes ainda disparou sobre os ataques do ex-presidente contra a legitimidade das eleições. “O presidente um dia acordou nervoso e quis desopilar o fígado. Quem decidiu atacar? O Tribunal Superior Eleitoral. Em uma semana, atacou o Supremo. O ministro Alexandre (ele atacou) umas três outras vezes. Agora? Foi a vez do TSE”.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.