Relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou acreditar em omissão proposital das forças de segurança nas invasões às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no 8 de janeiro. Após o depoimento do general Gonçalves Dias, exonerado do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Eliziane declarou que agentes públicos optaram por não agir para proteger os prédios públicos.
“Sobre omissão propositada, dolosa, não tenho dúvidas de que houve da parte de vários agentes públicos”, pontuou nesta quinta-feira (31). “Conseguiremos detalhar no relatório final. Agora, nós ainda estamos em fase de investigação, lendo documentos e ouvindo vários depoentes”, acrescentou.
A perspectiva da relatora difere da crença do presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA). No início da tarde, ele afirmou ter ocorrido uma falha geral das forças de segurança na proteção à ocasião das invasões e dos ataques ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Palácio do Planalto. "É realmente vergonhoso. Estou de queixo caído de, ouvindo esses depoimentos, ver a incompetência das forças de segurança”, disse antes do intervalo da sessão desta quinta. “Houve uma falha de todos. Falhou a Polícia Militar, falhou a Força Nacional, falhou a Guarda Presidencial, falhou o Gabinete de Segurança Institucional [GSI]. Falharam todos, absolutamente todos”, concluiu.
A discussão sobre os reais culpados pelas invasões aos Três Poderes é um dos entraves entre governistas e oposição. A base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atribui à Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) as falhas de segurança. Na contramão, oposição acusa o GSI de omissão e culpa o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), pelas depredações.
Acareação. Eliziane Gama indicou que pleiteará uma acareação entre a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto para as próximas sessões da CPMI do 8 de Janeiro. Em depoimento à comissão no último 17 de agosto, Delgatti disse que a parlamentar mediou o contato entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e garantiu ter invadido os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a pedido de Zambelli. A relatora ressaltou, por fim, que a CPMI aprovou a reconvocação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. “Aprovamos a reconvocação do Cid, que virá à comissão porque precisamos ouvi-lo novamente. Ele precisa esclarecer muitas informações ao Brasil. Agora, é aguardar o presidente marcar o dia exato do retorno dele”, concluiu.