Ao contrário de outras casas legislativas, os vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte não têm o hábito de usar terno nem gravata, o que divide opiniões entre a população da capital mineira. Recentemente, o assunto voltou a ser tema de debate após César Gordin (Solidariedade) e Miltinho CGE (PDT) usarem camisas de times de futebol durante as reuniões.
A Itatiaia foi às ruas para ouvir a opinião dos cidadãos belo-horizontinos. “Eu acho que não deveria misturar política com futebol”, disse Geraldo Araújo. “Para mim está certo, não tem nada diferente. A roupa é o de menos. O que vai mandar é o caráter do cara”, opinou Júlio Gomes de Araújo.
O vereador César Gordin é um dos vereadores que têm o hábito de ir com camisa de time ou de torcida organizada. No passado, ele foi líder da Galoucura, uma das organizadas que apoia o Atlético. Para ele, a roupa não reflete nas ações do Parlamento. “Eu acho que para ser honesto e trabalhador a gente não precisa de andar de terno e gravata. No Brasil a gente sabe que quem sempre roubou o povo são os que usavam terno e gravata. Isso nunca foi sinal de respeito nem caráter”, declarou ele.
“Tenho orgulho de andar com a camisa de torcida organizada por conta da discriminação que a gente sempre sofreu e sofre até hoje. É muito importante para mim mostrar que a gente ocupou mais um espaço, sendo torcedor organizado, [já] que a maioria dos meus votos são de torcedor organizado”, concluiu Gordin.
Na visão de Miltinho CGE, vereador ligado à torcida Máfia Azul, apoiadora do Cruzeiro, “o Parlamento se constitui pela democracia representativa”. “Fui eleito para representar, principalmente, a causa animal e os protetores independentes da nossa cidade, mas também mantenho minhas origens, representando um grupo social que é muito importante: o torcedor cruzeirense”, disse.
Por outro lado, o vereador Braulio Lara (Novo) é um dos que sempre usa terno e gravata durante as atividades na Câmara Municipal. “Eu particularmente tenho no terno e na gravata laranja a minha marca registrada. Muita gente acha que eu sou advogado, mas sou formado em engenharia de computação e atuo profissionalmente como corretor de imóveis. Tenho uma imobiliária e esse traje de corretor com terno e gravata é mais apropriado. Desde 2014 já utilizo a gravata laranja, mas quando vim pro Novo casou tudo”, explicou. No regimento da Câmara Municipal de Belo Horizonte não há artigos que tratam de trajes em plenário.