Passaram-se seis horas entre a chegada de Mauro Cid ao prédio da Polícia Federal (PF), em Brasília, e a saída do carro que o levaria ao Batalhão da Polícia do Exército, onde está preso desde 3 de maio. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento por cerca de duas horas nesta sexta-feira (25), segundo informou o advogado Cezar Bitencourt à imprensa, e permaneceu as outras quatro horas à espera de que o sistema interno da PF voltasse a funcionar normalmente — o que, aliás, não aconteceu.
Bitencourt chegou ao prédio da corporação pontualmente às 14h e saiu pela entrada principal às 20h. Naquela mesma hora, Cid deixava a sede da Polícia Federal pela garagem. Contrariando as expectativas da imprensa, o criminalista não parou para esclarecer o conteúdo do depoimento de Mauro Cid, mas respondeu brevemente a algumas perguntas feitas enquanto seguia para o carro.
“O sistema caiu. Estamos há horas esperando. A Polícia Federal deve emitir uma nota. Não conseguimos imprimir. Eu estou em hora extra”, afirmou. O advogado acrescentou que a oitiva de Cid se arrastou apenas por duas horas. “Depois foi conversa, bate-papo, orientação...”. Questionado sobre o que o ex-braço-direito de Bolsonaro disse à PF, Bitencourt se esquivou: ‘falou sobre o que foi perguntado. Falou sobre os fatos’, disse.
Ainda a caminho do carro que o aguardava na saída do pátio em frente à PF, Cezar Bitencourt negou que o assunto do depoimento fosse o encontro entre o hacker Walter Delgatti Neto e o então presidente Jair Bolsonaro em meio à corrida eleitoral do ano passado. O advogado também garantiu que não haverá delação premiada.
Investigação. Mauro Cid é investigado no âmbito de dois inquéritos da Polícia Federal; por suspeita de falsificação de cartões de vacinação e inserção de informações mentirosas no sistema do Ministério da Saúde e por negociar joias e itens de luxo presenteados a Jair Bolsonaro à época do mandato em lojas e sites de leilão nos Estados Unidos. Ele está preso desde 3 de maio.
Ainda nessa quinta-feira (24), Cid depôs à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) em sessão da CPI dos atos antidemocráticos. Apesar de não ter respondido às perguntas dos parlamentares, Cid abriu o depoimento falando por cerca de quatro minutos. O tenente-coronel detalhou as atribuições do cargo e afirmou que receber os presentes dados a Bolsonaro e à então primeira-dama Michelle integrava suas funções.