Desempregado após ser detido por invadir os celulares de autoridades políticas, o hacker Walter Delgatti Neto afirmou que para conseguir um emprego aceitou a proposta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para provar a fragilidade das urnas eletrônicas — nunca atestada — e assumir um grampo telefônico feito contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não me propuseram valores. Foi proposto um emprego e uma ajuda de custo até eu conseguir o emprego”, declarou Delgatti em depoimento à CPMI dos atos antidemocráticos nesta quinta-feira (17). As duas propostas foram feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, alegou o hacker.
Uma terceira proposta também chegou às mãos dele, contudo, diretamente feita pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). “Ela disse que eu precisava invadir algum sistema do Judiciário para mostrar a fragilidade. Ela disse ser uma ordem do presidente, mas não ouvi do presidente. Aí fiz a invasão do CNJ [Conselho Nacional de Justiça] e de todos os tribunais do país. Tive acesso a todos os processos, senhas, juízes, servidores… Fiquei por quatro meses na intranet da justiça brasileira”, disse Delgatti.
Os crimes cometidos não decorreriam em punição para ele graças a um suposto indulto que teria sido prometido a ele pelo ex-presidente Bolsonaro. “Ele [Bolsonaro] disse por telefone que esse grampo foi realizado por agentes de outros países e que, em troca de eu assumir o grampo, me daria o indulto. Ele também disse: ‘se alguém mandar te prender, eu mando prender o juiz’ e deu risada”, afirmou o hacker. Por fim, Delgatti também afirmou que teme pela própria vida.