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Salles detona ausência de Rui Costa e prevê fim da CPI do MST até 16 de agosto

Ricardo Salles criticou manobra articulada entre Centrão e governo Lula para retirar da oposição o poder de compor maioria na CPI

O deputado Ricardo Salles

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga invasões do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Ricardo Salles (PL-SP), criticou novamente a ausência do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), no depoimento previsto para essa quarta-feira (9), e estabeleceu até uma data para encerrar a comissão.

“O Rui Costa fez de tudo, inclusive usando a força do governo sobre a Casa, sobre os deputados, sobre as bancadas, para que não viesse. Só corrobora a tese de que quem não deve, não teme, e quem teme é porque deve”, disparou. O deputado do PL de São Paulo citou como exemplo de boa conduta o ministro Paulo Teixeira (PT), do Desenvolvimento Agrário, que compareceu à CPI como convidado nesta quinta-feira (10) e respondeu às perguntas dos parlamentares por cinco horas.

O mal-estar entre oposição e o Palácio do Planalto começou na última terça-feira (8) com a retirada de dois deputados do MDB contrários à ala governista da CPI do MST. No dia seguinte, quarta-feira (9), data para a qual estava marcado o depoimento de Rui Costa, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anulou o requerimento que determinava a convocação e livrou o chefe da Casa Civil de ir à comissão. Em seguida, mais cinco deputados alinhados à oposição foram retirados da CPI.

Perguntado se a comissão estaria enfraquecida com as mudanças, Ricardo Salles criticou o movimento do governo. “Sem dúvida está [enfraquecida. Quando o governo manobra para pressionar os partidos que querem cargos no governo e tira deputados que apoiam a CPI para colocar os que querem obstruí-la, evidentemente ela enfraquece”, afirmou após a sessão desta quinta.

Ainda nessa quarta-feira, Salles já havia informado o desejo de não protocolar requerimento pela prorrogação da CPI por 60 dias. Nesta quinta, ele avançou e indicou que os trabalhos devem ser encerrados nos próximos dias. “Nós decidimos diante das manobras não prorrogar a CPI”, declarou. “Para além de não prorrogar, consideramos firmemente a hipótese de entregar o relatório na próxima semana com as informações coletadas. Nós não temos mais condições de atuar para buscar a verdade. Não faremos teatro na CPI”, acrescenta. “Ouviremos o Stédile [João Pedro Stédile, liderança do MST) na terça-feira [15 de agosto] e entregar o relatório na própria terça ou na quarta-feira”, crava.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.