Dez parlamentares ligados à ala governista representaram contra o deputado Ricardo Salles (PL-SP) na Procuradoria-Geral da República (PGR) por incitação e apologia ao crime durante o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, na CPI do MST, na última terça-feira (1º). À ocasião, Salles como relator da comissão inaugurou o interrogatório perguntando ao militar se ele era favorável ou não ao golpe ocorrido em 1964. O general até se negou a respondê-lo alegando que a discussão não cabia na CPI, contudo, o ex-ministro do Meio Ambiente insistiu e, diante da recusa, declarou: "É a primeira vez que um militar, sobretudo um oficial general de três estrelas, não defende a importante ação de 1964".
Essa e outras oito referências à ditadura militar que atropelou o Brasil até 1985 são descritas na representação protocolada à PGR nesta sexta-feira (4). Os parlamentares exigem que o procurador-geral Augusto Aras investigue as declarações do relator Ricardo Salles e garanta a punição a ele pelos crimes descritos no Código Penal por incitação e apologia. No documento, os deputados alegam que as falas do político do PL de São Paulo “incitam a prática dos crimes” cometidos pelo Exército durante a ditadura militar.
Salles constrange depoentes, alegam governistas
A atuação de Ricardo Salles na CPI que investiga as invasões do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também é alvo de críticas dos governistas na representação à PGR. A alegação é de que ele está cometendo abuso de autoridade. "É possível verificar que o relator tem conduzido a inquirição das testemunhas e toda a produção de provas no geral com ato de abuso de autoridade (…). O representado [Ricardo Salles] induz, coage e constrange o depoente”, escrevem os parlamentares.
Na representação eles pedem que sejam investigadas as ‘responsabilidades penais’ e cíveis do ex-ministro Ricardo Salles e ‘adoção das providências legais pertinentes’. A Itatiaia procurou o deputado nesta noite de sexta-feira (4) para tratar sobre a representação, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria às 19h56.
