O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha revelou, em depoimento à CPMI dos Atos Antidemocráticos nesta terça-feira (1º), que conversou duas vezes com o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, no dia 8 de janeiro, sobre os riscos de depredação aos prédios públicos dos Três Poderes.
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Ainda conforme o ex-chefe da ABIN, todos os 33 alertas de segurança, produzidos pela inteligência, foram encaminhados a todos os órgãos de segurança do Distrito Federal, incluindo a Polícia Militar.
“Eu comecei a falar com o general Gonçalves Dias, por volta das 8h da manhã, por meio de troca de mensagens pelo aplicativo do Whatsapp. Sinalizei a chegada de 105 ônibus, com 4 mil pessoas. E ele me responde dizendo que achava que teríamos problemas”, detalhou Saulo Moura.
“Eu passei todos os alertas da inteligência da ABIN. Enviei, também, as informações divulgadas na célula da Segurança Pública, sobre a presença de manifestantes cobrindo o rosto com máscara e vinagre. Pouco antes da marcha começar o deslocamento, tivemos informações que havia, entre os manifestante, um chamamento, pelo carro de som, para a invasão de prédios”, reforçou.
No momento em que a marcha saiu do Quartel General do Exército, o ex-diretor adjunto da ABIN recebeu a ligação de um chefe da segurança dos Três Poderes, que não teve a identidade revelada, preocupado com o rumo da manifestação.
Por volta das 13h30, do dia 8 de janeiro, Saulo da Cunha conversou, por telefone, com o General Gonçalves Dias sobre o risco de depredação dos prédios públicos.
“Nós temos uma certa convicção de que as sedes dos Poderes serão invadidas ou, pelo menos, haverá uma ação violenta em relação a esses prédios”, detalhou em depoimento à CPMI dos Atos Antidemocráticos.
Saulo da Cunha revelou, ainda, que a ABIN produziu 33 alertas de inteligência entre os dias 2 e 8 de janeiro deste ano, quando ocorreu a depredação de prédios públicos na Praça dos Três Poderes. Ainda segundo o ex-diretor adjunto da Abin, o governo de transição recebeu um relatório alertando sobre a presença de extremistas nos movimentos que estavam sendo montados na porta dos quartéis e do Quartel General do Exército.