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Flávio Bolsonaro critica ação contra o pai no TSE durante sabatina de Zanin no Senado

Mais cedo, Bolsonaro esteve no Senado e pediu que Alexandre de Moraes o julgasse com ‘imparcialidade’

Flávio Bolsonaro usou sabatina de Zanin para criticar ação do TSE em processo contra o pai

O senador pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (PL), criticou a condução do processo contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesta quarta-feira (21), ele usou de seu tempo durante a sabatina ao advogado Cristiano Zanin - indicado por Lula a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) - para criticar o fato de que algumas provas, como a “minuta do golpe”, foram incluídas na ação.

Jair Bolsonaro será julgado pela Corte Eleitoral nesta quinta-feira (22) e poderá ser condenado à perda dos direitos políticos. Caso isso se confirme, ele ficará inelegível e não poderá disputar eleições pelos próximos oito anos.

Veja: ‘Os indicativos não são bons’, diz Bolsonaro sobre ação no TSE que pode levá-lo a ficar inelegível

“O TSE, no julgamento da chapa Dilma-Temer não considerou as provas após o prazo legal e a chapa foi mantida. Temer ficou no cargo e indicou Alexandre de Moraes [para vaga no STF]. Algo similar ao que está acontecendo com o presidente Bolsonaro. Estão enxertando a ação dele no TSE, promovida por um partido de esquerda, para construir uma narrativa com vicio de lei e para deixá-lo inelegível”, repetiu em uma entrevista coletiva ao deixar a sabatina.

Sabatina de Zanin no Senado: acompanhe ao vivo

Com o questionamento, Flávio Bolsonaro critica o fato de o TSE ter aceitado incluir provas ao longo do processo contra seu pai. Uma delas foi a “minuta de golpe” - um documento não-assinado, encontrado na casa do ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres, e que previa decretar estado de defesa no TSE. O objetivo do documento seria afastar ministros e, em última instância, alterar o resultado das eleições.

Apesar das divergências com o advogado Cristiano Zanin, Flávio Bolsonaro elogiou sua conduta e experiência como advogado. Ele, no entanto, não quis adiantar se votaria contra ou a favor da indicação de Zanin ao Supremo.

“Ele obviamente condenou [a inclusão de provas fora do prazo legal], até pela sua trajetória de vida na advocacia, que o qualifica como garantista. Eu tenho minhas dificuldades, mas não vou abrir meu voto porque a Constituição garante sigilo, justamente em casos como esse. No Brasil de hoje, não quero continuar ou ter aumentada a perseguição contra mim”, completou.

Durante a sabatina, Zanin não comentou o caso específico da chapa Dilma-Temer - como questionado por Flávio Bolsonaro, nem o processo do pai dele -, mas falou de forma genérica.

“Evidentemente não conheço o caso concreto e não poderia, se conhecesse, falar sobre nenhum caso concreto. De forma geral, os processos tem um rito e cada fase encerrada não deve ser reaberta, excepcionalmente, e desde que não haja prejuízo ao processo, o juiz ou relator pode, de alguma forma, entender que é possível a juntada posterior de algum tipo de material. Mas a regra deve ser de observância ao rito e às fases do processo, que sempre caminha para frente”, afirmou Zanin.

Bolsonaro no Senado

Em dia marcado pela sabatina de Cristiano Zanin, Jair Bolsonaro esteve no Senado e falou com jornalistas. No local, ele pediu que o ministro Alexandre de Moraes - presidente do TSE - o julgue com “imparcialidade” e lembrou do caso da chapa Dilma-Temer, como fez Flávio Bolsonaro, mais tarde, na sessão com Zanin.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.