A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), protocolou, nesta sexta-feira (16), um pedido de convocação do coronel do Exército, Jean Lawand Junior, para prestar depoimento ao colegiado. O requerimento ainda deve passar por votação dos parlamentares que integram o órgão.
Lawand Junior aparece em mensagens trocadas com o tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, com uma espécie de ‘passo a passo’ para a realização de um golpe de Estado. As mensagens foram reveladas pela revista Veja.
Exército diz adotar ‘medidas cabíveis’ sobre coronel que teria proposto golpe a Mauro Cid
“Como menciona o Plano de Trabalho que apresentamos a esta CPMI, os fatos preparatórios dos atos do dia 8 de janeiro de 2023 merecem atenção especial durante o processo de investigação”, diz trecho do documento apresentado à comissão.
O coronel foi subchefe do Estado-Maior do Exército durante o governo de Jair Bolsonaro e, hoje, é adjunto do adido do Exército junto à Representação Diplomática do Brasil nos Estados Unidos.
Mensagens entre Mauro Cid e Lawand Junior
Um documento foi produzido com o passo-a-passo para o desencadeamento de um golpe de Estado. Dentre as ações listadas estão a nomeação de um interventor que seria responsável por restabelecer a ordem constitucional, a suspensão de atos praticados pelo Judiciário, abertura de inquéritos para investigar autoridades afastadas do cargo, além do afastamento de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mensagens trocadas em 1º de dezembro revelam que o coronel Lawand Junior pressionava Mauro Cid a convencer o então presidente Jair Bolsonaro (PL) convocasse os militares a agir após a derrota nas eleições.
“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem que o povo tá com ele, cara. Se os caras, não cumprir, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprir a ordem do Comandante Supremo”, diz Lawand. “Ele não pode recurar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O Presidente vai ser preso. E pior: na Papuda, cara”, completa em mensagem a Mauro Cid.
Cid, então responde que “o PR [Presidente da República] não pode dar uma ordem... se ele não confia no ACe”, diz em referência ao Alto Comando do Exército.
