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Procurador-geral pede diálogo entre Minas Arena, estado e clubes: ‘Gramado do Mineirão é para o futebol’

Situação do gramado do Mineirão recebeu crítica de jogadores, dirigentes e jornalistas que acompanharam últimos jogos no estádio

Situação do gramado do Mineirão rendeu críticas de jogadores, dirigentes e jornalistas nas últimas semanas

O procurador-geral do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Jarbas Soares, afirmou que estado, clubes e Minas Arena precisam buscar uma convergência para que o gramado do Mineirão volte a ter condições adequadas para receber jogos de futebol.

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“Podemos sentar para buscar uma alternativa para as questões relacionadas ao Mineirão. Já conhecemos o contrato que existe entre a Minas Arena e o estado de Minas Gerais, porém é necessário que haja uma convergência de privilegiar sempre a razão de ser do Mineirão e o gramado é para o futebol”, afirmou Jarbas.

O procurador-geral do estado ressaltou que a promotoria do patrimônio público e cultural do MP de Minas pode buscar medidas para que o diálogo entre os envolvidos aconteçam e ações concretas para a preservação do gramado sejam tomadas.

“Isso tem que ser construído, conversado e obviamente que os promotores de justiça responsáveis pela defesa do patrimônio público e cultura têm condições de adotar medida que eles consideram adequadas. Mas vejo sempre o diálogo como ponto necessário para que as pessoas sentem e conversem, no caso o estado, a Minas Arena e os clubes. Afinal de contas, temos que trabalhar sempre para o interesse público e coletivo, e o estádio de futebol é um espaço de lazer da população de Minas”, afirmou Jarbas Soares.

Críticas ao gramado

Nas últimas semanas, a situação do gramado gerou críticas de jogadores, dirigentes e jornalistas que acompanharam os jogos no estádio.

Autor dos gols da vitória do Atlético por 2 a 1 sobre o Athletico Paranaense, nesta terça-feira (23), o atacante Paulinho reclamou com veemência do gramado do estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Em entrevista após o jogo pelo Grupo F da Copa Sul-Americana, o jogador afirmou que o campo do Gigante da Pampulha está “uma merda”.

“Um jogo difícil, principalmente com esse campo. Me desculpe a palavra, mas está uma merda. (...) Tem que enaltecer o trabalho do time, da equipe, que, com as circunstâncias de hoje, precisou de muita raça, muita vontade, de ganhar as segundas bolas - algo importante em um campo ruim desse, do Mineirão”, disse o atacante em entrevista à Paramount após o término da partida.

O atacante Pablo, do Athletico-PR, lamentou as condições do gramado e fez duras críticas ao Mineirão.

“Estava muito ruim mesmo. É um pecado um estádio de Copa do Mundo, um dos estádios mais tradicionais do Brasil, ter um gramado desse. A gente sabe que a quantidade de shows que tem, com eventos, acaba estragando. Acredito eu que a melhor solução seria colocar uma grama sintética e resolver o problema”, opinou o atacante.

Críticas de Felipão

O pentacampeão mundial Felipe Scolari, dirigente do Athletico do Paraná, também criticou o gramado do Gigante da Pampulha, mas minimizou o impacto do piso na derrota do time paranaense.

“Influenciou pra nós e para o Atlético Mineiro. Ganhou o Atlético Mineiro pela sua qualidade. O campo não influenciou pra nenhum time, nem para o bem e nem para mal. Igual para os dois. Quem tem que tomar conta de campo, quem tem que saber se é interessante ou não, é a Conmebol. Se a Conmebol deu condições, dá condições”, argumentou Felipão.

Críticas na ALMG

Após o jogo entre Atlético e Athletico do Paraná, o deputado João Vítor Xavier (Cidadania) fez críticas ao gramado do Mineirão. “Eu jamais vi algo tão deprimente como o que vi ontem (terça) no Mineirão. Que coisa horrorosa, vergonhosa para o futebol mineiro, para Minas Gerais. É revoltante o que o futebol mineiro passou nos últimos três dias”, disse João Vítor.

João Vítor destacou que o contrato firmado entre Minas Arena e o governo do estado prevê multas à Minas Arena caso o estádio não apresente um gramado em boas condições para as partidas. O jornalista lembrou ainda que a administradora também pode sofrer sanção em caso de não ter o Mineirão disponível para as equipes.

“Fui estudar o contrato do Mineirão, conversar com especialistas. No contrato tem duas cláusulas sobre o gramado do Mineirão. Uma é a avaliação de jardinagem que, se não estiver sendo cumprida, pode ter uma multa de R$ 2 milhões. A outra é a avaliação dos clubes em questão de disponibilidade que, se não estiver sendo cumprido, pode ter uma multa de R$ 2,7 milhões”, completou o parlamentar.

Outro lado

Por meio de nota, a Minas Arena informou que o Mineirão “tem concentrado seus esforços para compatibilizar as agendas de eventos e de futebol para a temporada 2023, uma vez que, inicialmente, não havia reservas de datas pelos clubes para o período”.

“Vale ressaltar que o Atlético comunicou a intenção de inaugurar a Arena MRV em 25 de março e, posteriormente, postergou o prazo para o meio do ano. No caso do Cruzeiro, o clube informou, em janeiro, que havia firmado um contrato de fidelidade com a Arena Independência. Em abril, contudo, houve o acerto comercial para a volta dos jogos da equipe no Mineirão”, continua a empresa que faz a gestão do Mineirão.

“Com relação à partida dessa terça-feira (23), entre Atlético e Athletico-PR, pela Copa Libertadores, o Mineirão ressalta que profissionais do clube e da Conmebol acompanharam todo o processo de manutenção desde a realização do evento, no sábado (20). Todos os procedimentos para garantir a jogabilidade foram planejados e acompanhados pelo clube e pela entidade que promove a competição”, conclui a Minas Arena.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.