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Zema diz que, sem aumento salarial, iria ‘perder quase todos’ os secretários

Governador mineiro admitiu ter concedido ‘reajuste muito grande’ ao primeiro escalão e afirmou que recomposição aos servidores será norteada pelo ‘fluxo de caixa’

O governador Romeu Zema (Novo) defendeu, nesta segunda-feira (8), o reajuste nos salários dos secretários de Estado de Minas Gerais. Segundo ele, o salto de R$ 10 mil para R$ 31,2 mil nos vencimentos mensais serviu para barrar a fuga dos chefes das pastas à iniciativa privada.

“(Secretários) trabalharam aqui (no mandato passado) ganhando 5% ou 10% do que poderiam estar ganhando na iniciativa privada. Só que essa situação é temporária. Ou eu corrigia isso ou, então, ia perder quase que todo o secretariado”, disse, em entrevista à Rádio FM O Tempo.

O aumento nos pagamentos feitos aos secretários ocorreu a reboque do reajuste escalonado, em quase 300%, dos salários de Zema. O governador recebia R$ 10,5 mil e, agora, tem direito a depósitos mensais de R$ 37,5 mil. O aumento gradual fará com que, em 2025, os proventos do político do Novo sejam de R$ 41,8 mil.

Os integrantes do secretariado também terão direito a um aumento escalonado. Em dois anos, eles vão passar a ganhar R$ 34,7 mil.

“Tivemos, sim, um reajuste muito grande — não vou esconder — para os secretários. Um secretário de Educação como Igor Alvarenga estava ganhando menos do que um secretário de Educação municipal de qualquer cidade de Minas. Será que isso é justo? Será que isso vai atrair bons secretários a Minas ou vai fazer com que percamos bons secretários, como aconteceu em meu primeiro governo?”, continuou o governador.

Para justificar o aumento, aprovado pelos deputados estaduais e já convertido em lei, aliados do Palácio Tiradentes citam o caso de Otto Levy, ex-secretário de Estado de Planejamento e Gestão. Tido como homem-forte de Zema nas finanças, ele pediu exoneração no início de 2021 para atuar em uma companhia minerária.

Segundo Zema, o aumento serve para corrigir “distorções” financeiras. “Essa remuneração ficou sem nenhuma reavaliação por 17 anos. Desde 2006 0u 2007, não há nenhuma recomposição. É algo errado, no meu entender. Queria saber se alguém que está nos escutando não tem reajuste no que ganha ou na aposentadoria há 17 anos”, opinou.

O governador ainda garantiu que os salários pagos pelo erário público a ele e ao primeiro escalão do poder Executivo estão dentro da média dos orçamentos de outras administrações estaduais.

A folha de pagamentos do governo de Minas aumentou, também, no número de funcionários. No fim de abril, o governador oficializou a criação de duas novas secretarias: a de Casa Civil, ocupada pelo ex-deputado Marcelo Aro (PP), e a de Comunicação, chefiada por Bernardo Santos, ex-presidente do Novo em Minas.

Aumento a servidores condicionado a ‘fluxo de caixa’

Os debates a respeito do aumento ao primeiro escalão governamental fizeram com que categorias do funcionalismo público de Minas pressionassem por reajustes. Professores da rede estadual, por exemplo, podem receber recomposição de cerca de 12%.

Embora tenha dito que gostaria que os docentes de Minas ganhassem mais do que o piso atual, Zema afirmou que vai condicionar o tamanho do reajuste ao que couber no “fluxo de caixa” estadual.

As forças de segurança também mostram descontentamento com a condução do caso. Isso porque o governo estuda conceder aumento de 5,8% aos agentes — percentual que deve ser oferecido a todas as categorias, exceção feita aos professores. Policiais, porém, desejam recomposição de 35,44%, índice que, segundo os representantes da classe, é referente às perdas inflacionárias acumuladas desde 2019.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.
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