Em seu discurso na Agrishow nesta segunda-feira (1º), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o atual ocupante do cargo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pela política adotada em relação à demarcação de terras indígenas e a legalização de quilombos no país.
Após a polêmica envolvendo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), Bolsonaro discursou em um evento reservado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro da Infraestrutura em seu governo.
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Segundo Bolsonaro, o agronegócio precisa de políticos que não atrapalhem as atividades do setor. Ele citou a gestão realizada por Ricardo Salles (PL) à frente do Ministério do Meio Ambiente, mas disse que os problemas causados pelas ações da pasta voltaram a aparecer no governo Lula.
“Vocês devem saber que existem 400 pedidos de demarcação de terra indígenas e aproximadamente 3.500 pedidos para novos quilombolas em nosso país. E aquele cara”, afirmou Bolsonaro, em referência a Lula, “disse há pouco que faria o possível para atender os anseios dessas comunidades. Nós sabemos que se 10% for atendido, para onde irá o agronegócio. Peço a Deus que isso não venha acontecer”, discursou o ex-presidente.
Ele disse ainda que não é contra os indígenas e que em seu governo apresentou projeto de lei, que não avançou, que os autorizava a realizar atividades econômicas nas terras indígenas da mesma forma que os fazendeiros podem produzir nas suas fazendas. “É uma maneira de tratar com respeito e dignidade nossos irmãos indígenas”, disse.
Gritos de “mito”
A participação de Bolsonaro na Agrishow foi transmitida pela deputada estadual Valéria Bolsonaro (PL). Em um dos vídeos publicados, Bolsonaro foi ovacionado aos gritos de “mito” pelos presentes. Também houve gritos de “volta Bolsonaro”. Os dois subiram em tratores e depois caminharam em meio à multidão. Bolsonaro elogiou Tarcisio e disse que o governo do aliado em São Paulo tem sido uma “grata satisfação”.
Sem citar expressamente a derrota na eleição presidencial, Bolsonaro abriu o discurso dizendo que a “política é assim” e que é preciso considerar o acontecimento como “página virada”. “A nossa vida continua até o dia que Deus nos chame para a eternidade”, disse. “Tenho muito coisa a falar pra vocês, mas como sou ex vou encerrar por aqui”, acrescentou.
Polêmica na Agrishow
A edição deste ano da Agrishow foi marcada por polêmicas envolvendo a organização do evento, o governo Lula e Bolsonaro. O ex-presidente, inicialmente, participaria do evento de abertura da Agrishow, o que levou os organizadores a “desconvidar” o ministro da Agricultura de Lula, Carlos Fávaro (PSD). Para evitar constrangimentos, foi sugerido que a participação dele fosse remarcada para outro dia.
O “desconvite” gerou fortes reações políticas do governo federal. Um dos principais patrocinadores da feira, o Banco do Brasil cancelou o patrocínio. Por fim, a Agrishow decidiu não realizar o evento de abertura. Mesmo assim, Bolsonaro pôde discursar ao lado de Tarcísio no evento realizado pelo governo de São Paulo.
