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Lula publica pedido de desculpas às pessoas com deficiência

Presidente se manifestou em rede social; declarações capacitistas foram dadas em evento sobre violência nas escolas

Presidente Lula chega a Lisboa em 21 de abril

O presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) se desculpou neste sábado (22) por declarações capacitistas dadas na última terça-feira (18) durante um evento sobre violência nas escolas.

Lula, que está em viagem oficial a Portugal, aproveitou a assinatura de um acordo para intercâmbio Brasil-Portugal de boas práticas na promoção e defesa dos direitos das pessoas com deficiência e emendou o pedido de desculpas. As declarações foram publicadas no perfil oficial do presidente no Twitter.

“Destaco esse acordo também pois gostaria de pedir desculpas sobre uma fala que fiz na semana passada, durante reunião sobre violência nas escolas. Conversei e ouvi muitas pessoas nos últimos dias e não tenho vergonha de assumir que sigo aprendendo e buscando evoluir”, publicou Lula.

"É por isso que quero me retratar com toda a comunidade de pessoas com deficiência intelectual, com pessoas com questões relacionadas à saúde mental e com todos que foram atingidos de alguma maneira por minha fala. Não devemos relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental. Não vamos mais reproduzir esse estereótipo. Tanto eu quanto nosso governo estamos abertos ao diálogo.”, explicou.

A sequência de posts terminou com a seguinte declaração: “Como presidente de um país com uma grande parcela da população de PCDs, estou disposto a aprender e fazer o possível para que todos se sintam incluídos e respeitados. É assim que avançamos enquanto pessoas, país e sociedade.”

Declarações capacitistas

Na última terça-feira (18), o presidente reuniu representantes dos Três Poderes para debaterem soluções para a onda de ataques e ameaças contra escolas em todo o país.

Na ocasião, ao falar sobre as ameaças Lula se referiu a pessoas com “problema de deficiência mental”.

“A OMS [Organização Mundial da Saúde] afirmou que, na humanidade, deve ter 15% com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro e o Brasil tem 220 milhões de habitantes, são quase 30 milhões com problema de desequilíbrio de parafuso”, disse o presidente.

Repercussão

O apresentador Marcos Mion divulgou um vídeo em uma rede social em que critica o termo usado por Lula para se referir a pessoas com deficiência intelectual. Mion disse que o presidente vinculou as pessoas com essa deficiência aos autores de ataques contra a comunidade escolar.

“Essa fala chocou todo mundo e foi considerada capacitista, que é um crime, por especialistas e por pessoas da comunidade atingida”, disse Mion, que tem um filho com autismo.

“O termo usado há muito anos é deficiência intelectual e não mental, como Lula usou. A gente tem que se policiar e aprender e tem que se adequar”, disse no vídeo divulgado no fim da noite de quinta-feira (20).

Veja a fala completa do apresentador:

Coordenadora de jornalismo digital na Itatiaia. Jornalista formada pela UFMG, com mestrado profissional em comunicação digital e estratégias de comunicação na Sorbonne, em Paris. Anteriormente foi Chefe de Reportagem na Globo em Minas e produtora dos jornais exibidos em rede nacional.