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Comissão do Senado marca data para ouvir presidente do Banco Central sobre taxa de juros

Roberto Campos Neto foi convocado para comparecer à Comissão de Assuntos Econômicos no dia 4 de abril

Roberto Campos Neto deve comparecer ao Senado em sessão marcada para 4 de abril

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta terça-feira (14), a convocação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao órgão colegiado. Ele é esperado para explicar a atual taxa de juros de 13,75% ao ano no dia 4 de abril.

O requerimento da convocação é assinado pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), presidente da CAE, que diz que a alta da taxa Selic, determinada pelo Banco Central, tem gerado “controvérsia na área econômica”.

“Quando a taxa Selic aumenta, o acesso ao dinheiro pela população, tanto por linhas de crédito, empréstimos e financiamentos, fica reduzido. Assim, o consumidor deixa de fazer gastos maiores para poupar no período de alta inflacionária. A longo prazo, essa estratégia tende a frear a inflação para que seja possível gerar uma oferta mais barata de acordo com a demanda reduzida”, diz o senador, que é presidente da comissão.

A “controvérsia” foi causada após uma série de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de integrantes do seu partido contra Campos Neto ao longo das últimas semanas.

Troca de farpas: governo x Banco Central

Em fevereiro deste ano, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, trabalha “contra o país e contra o desenvolvimento brasileiro ao manter uma política de juros altos”.

Em uma entrevista à CNN Brasil, Lula disse que pretendia reavaliar a autonomia do Banco Central, após o término do mandato do atual presidente - em 31 de dezembro de 2024.

O que eu quero saber é o resultado (de um BC autônomo), o resultado vai ser melhor? Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo, mas se não melhorar, nós temos que mudar”, afirmou Lula. “Vamos ver qual é a utilidade que a independência do Banco Central teve para este país. Se trouxe para o país uma coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum ele ser independente”, completou o presidente.

Por sua vez, Campos Neto disse a melhor forma de o Banco Central ajudar o governo é por meio de sua “credibilidade”.

“Estudos mostram que a autonomia gera menor volatilidade e nível de inflação. A autonomia é um ganho institucional grande, que espero que não seja revertido”, afirmou o presidente do BC em entrevista ao programa Roda Viva, na TV Cultura.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.