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Senado pode convocar presidente do Banco Central para explicar taxa de juros

Comissão de Assuntos Econômicos vota, na terça (14), requerimento pedindo convocação de Roberto Campos Neto

Roberto Campos Neto pode ter que explicar taxa de juros no Senado

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado vota, na próxima terça-feira (14), a convocação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele é esperado para explicar a atual taxa de juros de 13,75% ao ano. O requerimento da convocação é do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que diz que a alta da taxa Selic, determinada pelo Banco Central, tem gerado “controvérsia na área econômica”.

“Quando a taxa Selic aumenta, o acesso ao dinheiro pela população, tanto por linhas de crédito, empréstimos e financiamentos, fica reduzido. Assim, o consumidor deixa de fazer gastos maiores para poupar no período de alta inflacionária. A longo prazo, essa estratégia tende a frear a inflação para que seja possível gerar uma oferta mais barata de acordo com a demanda reduzida”, diz o senador, que é presidente da comissão.

A “controvérsia” foi causada após uma série de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de integrantes do seu partido contra Campos Neto ao longo das últimas semanas.

Troca de farpas: governo x Banco Central

Em fevereiro deste ano, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, trabalha “contra o país e contra o desenvolvimento brasileiro ao manter uma política de juros altos”.

Em uma entrevista à CNN Brasil, Lula disse que pretendia reavaliar a autonomia do Banco Central, após o término do mandato do atual presidente - em 31 de dezembro de 2024.

O que eu quero saber é o resultado (de um BC autônomo), o resultado vai ser melhor? Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo, mas se não melhorar, nós temos que mudar”, afirmou Lula. “Vamos ver qual é a utilidade que a independência do Banco Central teve para este país. Se trouxe para o país uma coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum ele ser independente”, completou o presidente.

Por sua vez, Campos Neto disse a melhor forma de o Banco Central ajudar o governo é por meio de sua “credibilidade”.

“Estudos mostram que a autonomia gera menor volatilidade e nível de inflação. A autonomia é um ganho institucional grande, que espero que não seja revertido”, afirmou o presidente do BC em entrevista ao programa Roda Viva, na TV Cultura.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.