O candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), criticou os governos do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o debate entre presidenciáveis na TV Globo nesta quinta-feira (29).
O pedetista chamou a gestão Bolsonaro de “tragédia” e disse que a chegada dele ao poder se deve a um desastre causado pelos 14 anos de governo do Partido dos Trabalhadores.
Ciro rebateu os argumentos do petista que disse que, durante seu governo, houve a criação de 22 milhões de empregos e que o país saiu do mapa da fome em 2012.
“Você pega um pedaço do governo que teve uma onda de bonança e produz esses números. Mas Bolsonaro teve 70% votos nos centros mais dinâmicos do Brasil e não foi pela obra nem pela promessa, que ele não tinha nenhuma. Foi consequência da mágoa que o povo experimentou. Mais de 60 milhões de brasileiros saíram do crediário direto para o SPC. O desemprego chegou a 12% e a corrupção se generalizou. Não dá para esconder”, disse.
Ao comentar uma pergunta feita pelo candidato Felipe D’Avila (Novo), Ciro disse que Lula não aprendeu nada “com as amargas lições que tomou”.
“São R$ 16 bilhões que [delatores do escândalo da Lava Jato] devolveram, no maior escândalo de corrupção na história do Brasil. Esse paraíso que ele descreve resultou nessa tragédia de Bolsonaro. Será possível que a solução para a tragédia moral e econômica que vivemos é voltar ao passado que deu causa a essa tragédia?”, questionou.
Educação
Ciro citou o Ceará, onde foi governador, como exemplo para uma educação pública de qualidade ao criticar indicadores de ensino no Brasil.
“Quero transformar a educação pública em uma das 10 melhores do mundo em 15 anos. Isso acontece no Ceará, onde 87 das 100 melhores escolas públicas do Brasil são de lá”, disse. “A educação que eu sonho é a que estamos conseguindo fazer no Ceará”, completou.
De acordo com Ciro, suas propostas para a educação pública passam por garantir acesso a creche e ensino médio em tempo integral, além do ensino profissionalizante.
“Isso resolve o problema da garotada”, disse.
Economia
Ciro também defendeu suas propostas para uma reforma fiscal e disse que pretende abater R$ 100 bilhões em impostos para mais pobres e renegociar as dívidas das famílias.
“O consumo é o maior motor da atividade econômica. Quero fazer um massivo programa de emprego, retomando as 14 mil obras paradas e empregando gente com dificuldade de qualificação”, afirmou.
Cultura e agricultura
O candidato do PDT travou embates com o ex-presidente Lula em temas como cultura e agricultura. Sobre o primeiro tópico, ele disse que iria recriar o Ministério da Cultura e reformar a Lei Rouanet para possibilitar uma descentralização dos recursos.
“A Lei Rouanet, desde o seu governo, tem defeitos - e não é culpa sua. Ela concentra recursos em São Paulo e no Rio, que produz retorno comercial mais relevante. Quero adaptar esses estímulos à cultura popular e da periferia - não sei a quanto tempo você não anda por lá”, alfinetou.
Ciro também concordou com Lula sobre a necessidade de acabar com o que o petista chamou de “desmatamento irresponsável” em biomas como Pantanal e Amazônia para expandir a agricultura.
“O Brasil não pode mais adiar o que o Plano Nacional de Desenvolvimento propõe, que é o zoneamento ecológico, decidindo onde pode e onde não pode desmatar. Temos que ensinar o nosso povo a extrair da floresta em pé as riquezas que ela pode dar”, afirmou.