Sedentarismo, alimentação desequilibrada e rotina doméstica sem estímulo contribuem para o aumento de peso em felinos, o que pode levar a doenças graves e até reduzir sua expectativa de vida
A obesidade não é exclusividade dos humanos. Ela também atinge um número crescente de gatos domésticos.
Segundo a Associação Brasileira de Medicina Veterinária de Animais de Companhia (ABMVAC), cerca de 40% dos gatos no Brasil estão acima do peso ideal.
O excesso de gordura corporal nesses animais pode afetar órgãos, articulações e até o comportamento.
“A obesidade felina não é apenas uma questão estética, mas de saúde. O tutor tem papel fundamental na prevenção e no controle, com apoio de um médico-veterinário”, destaca o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), em nota técnica.
Entre os principais fatores de risco estão a castração sem ajuste nutricional, o consumo excessivo de petiscos ou ração à vontade, e a falta de atividades físicas.
Apesar de parecer um problema comum, o sobrepeso pode abrir caminho para doenças como diabetes, lipidose hepática, problemas articulares, urinários e cardíacos.
Descobrir e tratar exige atenção profissional
A obesidade é diagnosticada por veterinários com base na avaliação da condição corporal (BCS, na sigla em inglês).
Em casa, alguns sinais visíveis já podem servir de alerta, como acúmulo de gordura na barriga e no pescoço, dificuldade para se lamber e menor disposição para se movimentar. Ao identificar esses sintomas, é fundamental buscar orientação especializada.
De acordo com a médica-veterinária Marcella Moutinho, da Comissão de Bem-Estar Animal do CFMV, o tratamento deve ser conduzido com cautela.
“A perda de peso precisa ser gradual e monitorada, já que restrições severas podem causar outras doenças, como a lipidose hepática”, afirma em entrevista ao portal do Conselho.
O plano de cuidados costuma envolver três frentes principais: controle da alimentação, aumento do gasto energético e acompanhamento constante.
Dietas específicas, fracionamento das refeições e estímulo ao exercício físico (com brinquedos interativos, arranhadores e sessões de brincadeira com os tutores) fazem parte da estratégia.
Prevenção depende de escolhas diárias
Para evitar o ganho de peso, o ideal é adotar medidas consistentes ao longo da vida do gato. Entre as principais recomendações da World Small Animal Veterinary Association (WSAVA), estão:
- Oferecer uma alimentação equilibrada e adaptada a cada fase da vida;
- Evitar o excesso de petiscos e comida humana;
- Estimular o gato a se movimentar diariamente, principalmente em ambientes internos;
- Monitorar o peso com pesagens regulares e check-ups veterinários;
- Ajustar a alimentação após a castração, se necessário.
“O mais importante é entender que a obesidade é uma doença e precisa ser tratada com responsabilidade e paciência. Cada gato responde de um jeito, e o papel do tutor é ajustar o ambiente para que ele tenha mais saúde e bem-estar”, conclui Marcella.