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‘Gatificação': por que o ambiente doméstico é importante para o bem-estar do seu pet

Adaptação do lar para gatos não se resume a comprar brinquedos e deixá-los espalhados à disposição do animal

Arranhar é uma forma de os gatos marcarem território visual e olfativamente, além de ser importante para a manutenção das garras e para o alongamento corporal

O gato doméstico, mesmo vivendo em um apartamento seguro, manifesta seus instintos de predador. Quando esses comportamentos naturais, como caçar, escalar, esconder-se e observar são reprimidos pela limitação do espaço, o felino pode desenvolver tédio, ansiedade, estresse e, consequentemente, problemas de saúde e comportamentais, como a automutilação ou o uso inadequado da caixa de areia.

Por isso, o enriquecimento ambiental, ou “gatificação”, é tão importante para o bem-estar do seu pet, transformando o apartamento em um ambiente que estimula o corpo e a mente.

A adaptação do lar para gatos não se resume a comprar brinquedos e deixá-los espalhados à disposição do pet, mas a estruturar o ambiente de acordo com as necessidades instintivas deles, focando em cinco pilares essenciais.

A adaptação do lar para gatos não se resume a comprar brinquedos e deixá-los espalhados à disposição do pet, mas a estruturar o ambiente de acordo com as necessidades instintivas deles. Um dos aspectos mais importantes é o enriquecimento vertical, pois gatos são, por natureza, predadores e presas. Estar em locais elevados dá a eles segurança, conforto e a sensação de controle sobre o território.

Médicos-veterinários especialistas em comportamento e estudos em zootecnia destacam a importância da verticalização para o bem-estar, e reforçam que instalar prateleiras em degraus ou nichos permite que o felino explore o espaço que vai do chão ao teto, gastando, assim, energia de forma saudável.

O estímulo ao instinto de caça também é muito importante. O ciclo de caça, que envolve espiar, perseguir, atacar e consumir é vital para a saúde psicológica dos gatos. As brincadeiras devem simular esse processo, e brincar diariamente é uma necessidade biológica que ajuda a liberar energia acumulada e reduz a ansiedade.

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reforça que o enriquecimento ambiental contribui para melhorar a qualidade de vida dos felinos. O uso de comedouros interativos ou o ato de esconder petiscos pela casa (forrageamento), por exemplo, como detalhado em material técnico, simulam a caça cognitiva e mantêm o gato mentalmente engajado.

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Outro pilar essencial é a garantia de áreas de esconderijo e segurança, de acordo com o órgão. O gato precisa de locais onde possa se isolar e descansar sem ser incomodado.

O ideal é que os tutores ofereçam caixas de papelão, tocas e camas fechadas, preferencialmente em locais elevados, para que eles funcionem como uma rota de fuga em momentos de estresse.

A marcação de território por meio do ato de arranhar também é uma necessidade instintiva. Arranhar serve para alongamento e, principalmente, para marcar território com feromônios. Um lar gatificado que se preze deve ter arranhadores espalhados poir aí.

A correta “distribuição de recursos” também é crucial: gatos preferem que os itens essenciais estejam separados. O próprio CFMV orienta que os potes de água e comida devem estar longe da caixa de areia.

Para garantir que o seu apartamento atenda às necessidades instintivas do seu felino, a Itatiaia preparou um resumo das dicas essenciais, fundamentadas no comportamento animal:

  • Verticalização: instalar prateleiras e nichos nas paredes para criar um “circuito aéreo” seguro.
  • Rotina de caça: dedicar 15 minutos diários para brincadeiras interativas com varinhas, simulando o ciclo de caça.
  • Alimentação desafiadora: substituir potes tradicionais por comedouros lentos ou interativos para forçar o instinto de “trabalhar pela comida”.
  • Caixas de areia: seguir a regra do “N+1" (número de gatos mais um) para o número de caixas, mantendo-as em locais tranquilos e distantes da comida.
  • arranhadores variados: oferecer arranhadores verticais e horizontais em locais estratégicos (próximos a áreas de descanso e passagem) para proteger os móveis.
  • Esconderijos: garantir caixas de papelão ou tocas no alto e no chão, fornecendo segurança e rotas de fuga.
Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.