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Conheça as regras para a presença de animais em gravações de filmes e séries

Tendência é que produções optem, cada vez mais, por recursos digitais e efeitos visuais

No filme Marley e Eu, de 2008, um casal aprende sobre amor, paciência e perda ao conviver com Marley, um labrador travesso que transforma suas vidas

A presença de animais em filmes, novelas e comerciais é regulada por normas específicas que buscam garantir o bem-estar deles durante as gravações.

No Brasil e em outras partes do mundo, o uso de cães, gatos, cavalos, aves e até animais silvestres exige protocolos rigorosos, fiscalização adequada e acompanhamento profissional para evitar maus-tratos ou exposições indevidas.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ter a presença de animais em produções audiovisuais exige autorização prévia e acompanhamento de um médico-veterinário como responsável técnico para assegurar as condições adequadas de manejo, transporte, alimentação e ambientação.

A Resolução nº 1.236/2018 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) estabelece: “é vedado o uso de animais em situações que contrariem o seu bem-estar físico e mental”.

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Quais são as exigências no Brasil

Entre as regras mínimas exigidas para que animais possam ser utilizados legalmente em produções no país, estão:

  • Presença de médico-veterinário durante toda a gravação;
  • Proibição de castigos, punições ou sofrimento físico e emocional;
  • Garantia de tempo de descanso;
  • “Folga” em caso de condições climáticas adversas;
  • Espaço adequado, sem ruídos excessivos ou riscos à integridade física;
  • Em caso de animais silvestres, autorização formal do Ibama.

Ainda segundo o Ibama, o descumprimento das exigências pode gerar sanções, multas e a suspensão da autorização.

“O objetivo é garantir que os animais não sejam expostos a estresse, dor ou sofrimento durante sua participação em produções culturais”, afirma o órgão em nota oficial pública.

E em outros países?

Nos Estados Unidos, a entidade que regula o uso de animais em sets é a American Humane Association (Aha), que criou o símbolo “No Animals Were Harmed” (Nenhum Animal foi Ferido, em português).

A certificação só é concedida se regras como presença de veterinário, não uso de substâncias químicas e treinamentos livres de punição forem cumpridas.

“A observância às diretrizes garante a segurança animal em produções cinematográficas”, afirma a instituição, em alinhamento às regras brasileiras.

No Reino Unido, a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA) recomenda que os produtores priorizem o uso de animação ou CGI em vez de animais reais, especialmente em cenas de risco.

Já na União Europeia, a Diretiva 2010/63/UE prevê normas para o uso de animais em qualquer contexto, com foco na substituição por tecnologias alternativas.

A diretora do programa de bem-estar animal da RSPCA, Penny Hawkins, reforça, em publicação: “Mesmo quando utilizados de forma legal, os animais devem ser poupados de qualquer cena que envolva medo ou dor”.

Consciência e responsabilidade

Produções que envolvem animais, mesmo as amadoras ou publicitárias, devem garantir que nenhuma cena comprometa a qualidade de vida do animal envolvido.

A fiscalização, no entanto, ainda é limitada. Por isso, especialistas recomendam que o público também adote uma postura crítica e questione quando notar situações suspeitas.

“Ainda é comum ver cenas com cavalos em situações de risco ou cães em ambientes inadequados. Muitas vezes, isso passa despercebido porque não há acompanhamento de profissionais capacitados”, explica o veterinário Caio Rocha, em entrevista publicada pela Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.