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Lagartos no sítio: defensores naturais contra pragas

“Eles não precisam de cuidados especiais. Não latem, não fogem, não atacam e não exigem atenção”, lista especialista

Embora nem sempre bem-vistos, esses répteis cumprem um papel ecológico fundamental e podem ser considerados aliados silenciosos de quem cultiva a terra

Em áreas rurais, a natureza oferece soluções simples e eficazes para o controle de pragas. E os lagartos são um excelente exemplo.

Embora nem sempre bem-vistos, esses répteis cumprem um papel ecológico fundamental e podem ser considerados aliados silenciosos de quem cultiva a terra.

Ao contrário do que muitos pensam, eles não representam ameaça à segurança das pessoas, mas sim às pragas que tanto atrapalham a produtividade agrícola.

O inseticida que rasteja pelo quintal

Os lagartos são carnívoros e se alimentam de insetos, roedores e outros pequenos animais que costumam causar prejuízos em hortas e plantações.

De acordo com a jornalista e professora de jardinagem Carol Costa, diferente de soluções artificiais, que envenenam o solo e desequilibram o ecossistema, os lagartos agem naturalmente e com eficiência.

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Com faro aguçado e agilidade surpreendente, eles caçam baratas, grilos, gafanhotos, formigas, escorpiões e até filhotes de rato. Tudo isso sem ruído, sujeira ou necessidade de manutenção humana.

“Eles não precisam de cuidados especiais. Não latem, não fogem, não atacam e não exigem atenção. Mesmo quando provocados, preferem se afastar a reagir. Quando assustados, podem até simular comportamentos de defesa — como vibrar a língua bifurcada — mas raramente representam risco”, explica em publicação no site Minhas Plantas.

Isso os torna especialmente adequados para conviver com seres humanos em propriedades maiores, onde há espaço e natureza abundante.

Convivência harmônica e benefícios duradouros

A rejeição aos lagartos muitas vezes está ligada ao medo ou desconhecimento. Sua semelhança com cobras pode causar estranheza, mas os lagartos são bem diferentes: não são peçonhentos, não atacam e preferem fugir a confrontar.

Segundo a professora, a função do lagarto no ecossistema é semelhante à de outros predadores naturais, como corujas, tamanduás e sapos. “Ao acolher sua presença, damos um passo importante rumo a uma agricultura mais sustentável e menos dependente de insumos químicos”, diz.

A presença de lagartos em um sítio é, na verdade, um sinal positivo. Indica que o ambiente está equilibrado e que há biodiversidade.

Para incentivá-los a permanecer por perto, a especialista dá algumas práticas, simples e que fazem toda a diferença:

  • Preserve áreas com vegetação nativa, que oferecem abrigo e alimento natural para os lagartos;
  • Evite o uso indiscriminado de pesticidas, que eliminam o alimento dos répteis e contaminam o ambiente;
  • Mantenha troncos, pedras e locais sombreados no terreno, pois são ideais para descanso e proteção;
  • Respeite o espaço desses animais e evite tentativas de afugentá-los à força;
  • Compreenda que sua presença não está associada à sujeira, mas sim à oferta de presas naturais, como insetos e pequenos roedores.
Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.