Piloto de voo comercial evita tragédia com avião dos EUA próximo à Venezuela

Piloto da aeronave comercial culpou o jato militar por cruzar caminho do voo; nos últimos meses, os EUA intensificaram o combate ao narcotráfico no Caribe e Pacífico

Voo comercial da Jet Blue interrompeu a decolagem para evitar uma colisão com um avião-tanque de reabastecimento da Força Aérea dos Estados Unidos

Um voo comercial da Jet Blue interrompeu a decolagem para evitar uma colisão com um avião-tanque de reabastecimento da Força Aérea dos Estados Unidos. O avião decolou da nação caribenha de Curação, próximo à costa da Venezuela. O piloto do jato culpou a aeronave militar de cruzar o caminho do voo.

“Quase tivemos uma colisão no ar aqui em cima”, disse o piloto da JetBlue, conforme uma gravação da conversa dele com o controle de tráfego aéreo obtida pela Associated Press. “Eles passaram diretamente na nossa rota de voo... Eles não estão com o transponder ligado, é um absurdo.”

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A situação ocorreu na última sexta-feira (12) e envolveu o voo 1112 da JetBlue, proveniente de Curação com destino a Nova York. “Acabamos de ter uma aeronave passando bem na nossa frente, a menos de 8 quilômetros - talvez 3 ou 5 quilômetros -, mas era um avião-tanque da Força Aérea dos Estados Unidos e estava na nossa altitude”, disse o piloto.

“Tivemos que interromper a subida.” O piloto disse que o avião da Força Aérea então entrou no espaço aéreo venezuelano, informou a Associated Press. O incidente ocorre em meio ao aumento da atuação das Forças Armadas dos EUA no Caribe e Pacífico com objetivo de combater o narcotráfico e aumentar a pressão sobre o governo venezuelano.

O porta-voz da JetBlue, Derek Dombrowski, informou que reportou o incidente às autoridades federais e que “participaria de qualquer investigação”. De acordo com ele, os tripulantes da empresa são treinados nos procedimentos adequados para diversas situações de voo. “Agradecemos a eles por relatarem prontamente essa situação à nossa equipe de liderança”, disse.

No mês passado, a Administração de Aviação emitiu um alerta para aeronaves americanas e recomendou “cautela” ao sobrevoar o espaço aéreo venezuelano em razão do “agravamento da situação de segurança e ao aumento da atividade militar na Venezuela e em seus arredores”.

De acordo com a gravação do tráfego aéreo obtida pela Associated Press, o controlador respondeu ao piloto: “Tem sido um absurdo essa presença de aeronaves não identificadas em nosso espaço aéreo.”

Tensão no Caribe e Pacífico

Desde agosto, quando sete navios de guerra foram enviados para águas internacionais na Costa da Venezuela, os EUA realizaram pelo menos 22 ataques contra supostos barcos de tráfico e deixaram 83 pessoas mortas.

Enquanto o Pentágono alega que está combatendo o narcotráfico, especialistas apontam que atuação do país equivale a execuções extrajudiciais, mesmo que tenham criminosos como alvos.

Os EUA alegam que os barcos atingidos transportavam indivíduos ligados a cerca de 20 cartéis de drogas envolvidos em um conflito armado com Washington.

Além disso, a Casa Branca afirma que as ações da administração “cumprem integralmente a Lei dos Conflitos Armados”, área do direito internacional destinada a prevenir ataques contra civis.

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas

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