A equipe médica do Papa Francisco cogitou parar o tratamento e deixá-lo morrer dada a gravidade de seu estado de saúde enquanto estava internado no Hospital Gemelli, em Roma. A informação foi dada pelo médico Sérgio Alfieri, que o acompanhou durante toda a internação, ao “Corriere Della Sera”.
Conforme dito pela equipe em coletiva de imprensa no sábado (22), o pontífice teve dois momentos críticos durante o tempo que esteve internado. O primeiro deles foi no dia 28 de fevereiro, considerado o pior, quando ele teve broncoespasmo e falta de ar, piorando sua condição.
“Tivemos que escolher entre parar [o tratamento] e deixá-lo ir ou forçá-lo a tentar todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo o risco muito alto de danificar outros órgãos. E no final nós optamos pelo segundo caminho”, contou ao jornal.
Quem decidiu o que fazer foi o assistente pessoal do Papa, Massimiliano Strappetti. “Tente de tudo, não desista”, disse ele aos médicos.
“Foi o pior [momento]. Pela primeira vez, vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas ao seu redor. Pessoas que o amam sinceramente, como um pai. Estávamos todos cientes de que a situação havia piorado ainda mais e que havia o risco dele não sobreviver”, relatou Alfieri.
Segundo o médico, Francisco esteve consciente durante todo o tratamento e sabia que corria risco de morrer naquele dia. “Aquela noite foi terrível, ele sabia, assim como nós, que talvez não sobrevivesse àquela noite. Vimos que ele estava sofrendo, mas, desde o início, ele nos pediu para lhe contar a verdade”, relembrou.
Papa Francisco ficou por mais de um mês internado no Gemelli e teve alta no último domingo (23). Ele, porém, ficará de repouso por ao menos dois meses, continuando a fazer fisioterapia respiratória. Ele se recuperou de um quadro de pneumonia bilateral.
O outro momento mais crítico foi quando o Papa broncoaspirou enquanto se alimentava. “Foi o segundo momento realmente crítico porque nesses casos, caso não sejam socorridos prontamente, há risco de morte súbita, além de complicações nos pulmões, que já eram os órgãos mais comprometidos. Foi terrível, realmente achamos que não conseguiríamos”, disse.
Internação do Papa Francisco
Francisco, ainda de acordo com Alfieri, já estava passando mal há dias, mas decidiu ir ao hospital somente no dia 14 de fevereiro, sentindo muita dor e dificuldade para respirar. O pontífice, de 88 anos, ficou quase 40 dias internado para tratar uma pneumonia bilateral. Ele em nenhum momento foi entubado, mas precisou de utilizar ventilação mecânica.
O caso do Papa foi, inicialmente, uma bronquite, que evoluiu para infecção polimicrobiana e, em seguida, pneumonia nos dois pulmões.
Papa Francisco já está de volta ao Vaticano e, no último domingo (23), dia que teria alta, apareceu na janela do Hospital Gemelli para cumprimentar e conceder bênção aos fiéis. Ele não havia aparecido publicamente em nenhum momento da internação.