Quem é a brasileira ligada à porta-voz de Trump que está presa e pode ser deportada

Advogado americano Todd C. Pomerleau afirmou nesta quarta-feira (26), que a prisão de Bruna Caroline Ferreira é ilegal e viola direitos básicos garantidos a ela

Bruna é ex-cunhada e mãe do sobrinho da secretária de Imprensa da Casa Branca

A brasileira Bruna Caroline Ferreira, ex-cunhada e mãe do sobrinho da secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt está sob custódia do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos na sigla em inglês) após ter sido presa no início deste mês perto da cidade de Boston. O advogado americano Todd C. Pomerleau afirmou, nesta quarta-feira (26), que a prisão de Bruna é ilegal e viola direitos básicos garantidos a ela.

Pomerleau disse em entrevista à CNN Brasil que Bruna já foi noiva de Michael Leavitt, irmão da porta-voz do presidente Donald Trump, com quem compartilha a guarda de um filho de 11 anos. Segundo a reportagem, uma fonte do governo americano disse que Bruna e Karoline Leavitt “não se falam há muitos anos”.

Segundo essa mesma fonte, a criança “mora em tempo integral em New Hampshire com o pai desde que nasceu”, e “nunca morou com a mãe”. O advogado contesta: afirma que essa versão “não é precisa” e que o casal “morava junto quando estava noivo”.

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Pomerleau relatou que Bruna mora no norte de Boston, em Massachusetts, e foi presa no dia 12 de novembro, quando dirigia até o estado de New Hampshire, cerca de 70 quilômetros, para buscar o filho na escola.

De acordo com o sistema de localização de detentos do ICE, ela está atualmente no Centro de Processamento do ICE no Sul da Louisiana, na cidade de Basile.

“Em algum momento da semana passada, parece que ela saiu de Massachusetts, foi para New Hampshire, depois para Vermont e, em seguida, para a Louisiana”, afirmou o advogado. Ele, que passou a representar Bruna apenas nesta semana, disse tentar obter mais detalhes sobre a condução do caso.

Pomerleau criticou o tratamento dado à brasileira: “Massachusetts, apesar de a imigração ter bilhões de dólares para aplicar as leis, de alguma forma não consegue encontrar dinheiro para ter leitos para as mulheres detidas. Estão separando mulheres de seus filhos, de suas famílias e de seus meios de subsistência. Desrespeitaram seu direito a um processo justo”, declaro.

O advogado classificou a política migratória atual como “inconcebível, deplorável e inconstitucional” e relatou que enfrenta dificuldades para agendar uma videoconferência com a cliente. “Ela está muito longe do nosso escritório. Essas são táticas deliberadas do ICE. Eles enviam pessoas para longe de suas famílias e advogados para dificultar a vitória de seus casos.”

Ele também explicou que Bruna chegou aos EUA ainda criança como uma ‘dreamer’, termo usado para jovens que tentam proteção pelo DACA (Ação Diferida para Chegadas na Infância), programa que suspende temporariamente deportações. Segundo o advogado, ela não conseguiu renovar o benefício porque o programa ficou “anos travado em litígios na Suprema Corte”, situação semelhante à de milhares de outros jovens.

O programa foi alvo de tentativa de encerramento por Donald Trump durante seu primeiro mandato, mas a Justiça bloqueou a iniciativa. O governo atual contesta a proteção legal dos dreamers. “O DACA não confere qualquer tipo de status legal neste país”, disse, recentemente, a secretária-adjunta de Segurança Interna, Tricia McLaughlin.

Pomerleau acrescentou à emissora que Bruna estava em meio a outro processo para obtenção do green card. “Para deter uma pessoa, a Constituição exige que o governo demonstre que ela representa perigo ou risco de fuga. Ela não estava fazendo nada de novo, apenas vivendo sua vida enquanto aguardava sua vez, como dezenas de milhares de outras pessoas que enfrentam esse imbróglio chamado sistema de imigração”, afirmou.

Familiares criaram uma página de financiamento coletivo no GoFundMe para arcar com custos legais. Na descrição, a irmã de Bruna, Graziela dos Santos, escreveu:

Minha família está passando por um dos momentos mais difíceis de nossas vidas e estamos fazendo um humilde apelo por ajuda. Minha irmã, Bruna, foi detida recentemente pela imigração e agora luta para permanecer no país que considera seu lar há quase toda a sua vida.

Bruna foi trazida para os Estados Unidos por nossos pais em dezembro de 1998, quando ainda era criança, entrando com um visto. Desde então, ela fez tudo ao seu alcance para construir uma vida estável e honesta aqui. Ela manteve seu status legal por meio do DACA, cumpriu todos os requisitos e sempre se esforçou para fazer o que é certo.’

Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.

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