Setenta e um brasileiros deportados dos Estados Unidos chegaram, na madrugada desta quinta-feira (16), ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. Desses, 62 são homens e 9 mulheres. Este é o 26º voo de repatriados desde o início do novo governo Trump.
Até o momento, 2.142 brasileiros foram repatriados, sendo a maioria homens com idades entre 18 e 36 anos. O voo chega em meio à declaração de emergência do condado de Los Angeles, na Califórnia, após as novas operações migratórias do governo norte-americano.
A medida — normalmente usada em casos de desastres naturais — libera recursos para ajudar pessoas afetadas pela ofensiva contra imigrantes.
Entre os deportados está France Rodrigues, de 48 anos, que viveu 21 anos nos Estados Unidos. Depois de anos trabalhando em empregos pesados, ele fraturou a coluna e perdeu o movimento das pernas. Hoje, de volta ao Brasil e em cadeira de rodas, France descreve o que chama de “gosto amargo do sonho americano”.
“Lá está uma bagunça, uma tortura. Estão tratando os imigrantes muito mal, e isso não é justo. Deixei minha vida lá. Cheguei bem e hoje volto de cadeira de rodas. Trabalhei de tudo um pouco: construção, limpeza, restaurante, vendendo carros. Tive um acidente de trabalho carregando peso para ganhar o pão de cada dia. O sonho americano pode custar muito caro”, disse.
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A expectativa é que novos voos de repatriados cheguem semanalmente a Confins. Minas Gerais é, até agora, o estado que mais recebeu deportados, seguido por Rondônia, São Paulo, Espírito Santo e Goiás, segundo dados do Governo Federal.
Em território mineiro, os deportados recebem apoio para retorno seguro às cidades de origem, como explica Carlos Alberto Ricardo Júnior, coordenador de Promoção dos Direitos das Pessoas Migrantes e Refugiadas:
“Mais de 50% dos repatriados são de Minas, principalmente de Governador Valadares. Aqueles que têm condições já seguem com a família, mas muitos não têm como se deslocar. Nesse caso, ficam hospedados em hotel e recebem transporte a partir do dia seguinte para voltar às suas cidades ou estados. Eles ficam muito ansiosos para reencontrar os familiares e aliviados quando conseguimos garantir esse retorno.”