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Mãe e padrasto são presos suspeitos de matar menino de 9 anos em BH

Versão de que criança teria caído na escola não convenceu médicos; mãe confessou o crime após investigação do DHPP

Casal será enquadrado na Lei Henry Borel; criança morreu após ser levada ao Hospital Júlia Kubitschek, no Barreiro

Uma mulher de 24 anos e o companheiro dela, de 39, foram presos suspeitos de matar o filho dela, de apenas nove anos, no bairro Flávio Marques Lisboa, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

De acordo com apuração exclusiva da Itatiaia, o menino deu entrada no Hospital Júlia Kubitschek, no bairro Milionários, no Barreiro, no dia 23 de agosto. À equipe médica, a mãe e o padrasto alegaram que a criança havia caído na escola e machucado a perna.

Os profissionais, no entanto, desconfiaram da versão, já que o garoto apresentava outras lesões — no abdômen, no nariz e também ferimentos internos.

A vítima foi internada às pressas, mas não resistiu aos ferimentos.

Diante da gravidade e da inconsistência do relato dos responsáveis, a Polícia Civil (PCMG) foi acionada e o caso passou a ser tratado como morte suspeita.

Desde então, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por meio da equipe da Delegacia de Homicídios do Barreiro, investigava o caso. Segundo as investigações, o casal seria usuário de cocaína, inclusive consumindo a droga na frente das crianças.

A mulher tem outros dois filhos — um menino de seis anos e um bebê de seis meses. O filho mais velho teria testemunhado as agressões e deverá ser ouvido em escuta especializada.

Garoto querido na escola

Colegas e professores relataram que o garoto era querido na escola, mas vinha faltando com frequência. Em conversas com amigos, ele teria contado que deixava de ir às aulas porque apanhava em casa. Vizinhos também disseram ter ouvido gritos e gemidos de dor na noite anterior à internação.

Na última quarta-feira (15), mãe e padrasto foram novamente ouvidos no DHPP. Diante das contradições, a mulher acabou confessando o crime, afirmando que as agressões ocorreram na frente do companheiro — que também foi preso por omissão, conforme prevê a Lei Henry Borel, que equipara a omissão ao próprio ato de homicídio.

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Após a confissão, os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça.

A mulher foi encaminhada ao Presídio Feminino de Vespasiano, na Região Metropolitana de BH, e o homem, ao Ceresp Gameleira, na Região Oeste da capital.

Os outros filhos da mulher foram acolhidos por órgãos de proteção à infância.

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.