Exclusivo: pai de mulher trans espancada e morta em BH chora em depoimento: ‘Dói muito’

Alice, de 33 anos, morreu duas semanas depois de ser espancada por dois funcionários do Rei do Pastel, na Savassi, em BH

Alice, de 33 anos, morreu duas semanas depois de ser espancada por dois funcionários do Rei do Pastel, na Savassi, em BH

Um vídeo exclusivo obtido pela Itatiaia nesta quarta-feira (26) mostra Edson Alves Pereira, pai de Alice Martins Alves, mulher trans de 33 anos, chorando durante depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Região Noroeste de Belo Horizonte.

O registro foi feito no dia 19 de novembro, quando ele falou oficialmente pela primeira vez sobre as agressões sofridas pela filha, que morreu duas semanas após ser espancada na Savassi. No depoimento, Edson descreve o momento em que fotografou ferimentos de Alice após a agressão.

“Ela tirou esse curativo. Eu falei: ‘Eu tenho que registrar isso aqui’. Registrei, ainda bem que eu registrei. (...) A primeira coisa que ela me falou — que dói muito meu coração — foi o amor que ela tinha comigo. ‘Pai, na hora que esse pessoal do Rei do Pastel tava bater em mim... Eu nunca mais vou ver meu papazinho’. Ela temeu a morte naquele momento.”

Veja vídeo aqui.

Além do depoimento, imagens recentes de uma câmera de segurança mostram Alice pedindo ajuda a duas viaturas da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) na noite em que foi agredida. O caso ocorreu na madrugada de 23 de outubro de 2024.

No vídeo, a vítima aparece caída na rua e grita repetidamente: “Polícia, me ajuda aqui... Me ajuda aqui... Polícia... Me ajuda.”

Alice pede socorro por pelo menos 13 vezes. Nas imagens, é possível ver que uma das viaturas passa com a janela aberta. Nenhum policial para. Minutos depois, um motociclista decide parar e ajuda a vítima.

‘Ela me disse que foram eles’

No dia do depoimento, o pai de Alice disse à Itatiaia que observou um trabalho intenso do DHPP em cima dos fatos. No entanto, o pai também afirmou estar revoltado ao saber que os dois funcionários identificados pela Polícia Civil seguem em liberdade.

“Já tem a identificação dos elementos. Por que não estão presos? Quem está facilitando que esses indivíduos continuem soltos?”, questionou.

Na ocasião, Edson ainda contou que, antes de morrer, Alice afirmou a ele que os responsáveis eram “do Rei do Pastel”.

Suspeitos seguem soltos

Os principais suspeitos do crime são dois funcionários da lanchonete Rei do Pastel, que foram identificados pela polícia, mas não foram presos.

Fontes da Itatiaia ligadas à investigação informaram que a motivação para o espancamento foi uma conta de R$ 22 não paga pela vítima. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apura se houve transfobia.

Nota Rei do Pastel

Em nota publicada nas redes sociais, o Rei do Pastel se manifestou e disse estar à disposição das autoridades competentes desde o início das investigações.

“Ressaltamos a nossa solidariedade incondicional aos familiares e amigos da Alice, e destacamos que não compactuamos, em hipótese alguma, com ações discriminatórias referente a identidade de gênero, orientação sexual, raça ou qualquer outra natureza”, afirma o estabelecimento.

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Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas
Formado em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Marcello atuou na assessoria de imprensa do Conselho Regional de Psicologia. Atualmente, é editor da equipe de redes sociais da Itatiaia. Atento às novidades, Marcello é um entusiasta das tecnologias e apaixonado por redes sociais.

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