Um dos policiais envolvidos na morte de Jean Charles de Menezes em 2005, em Londres, falou pela primeira vez sobre o caso neste domingo (10). O agente, identificado apenas como ‘C12' deu sua primeira declaração pública ao documentário ‘Shoot to Kill’, do Channel 4.
“Tudo me dizia que eu ia morrer, por isso tomei as decisões que tomei”, contou o policial. Nem ele, nem os outros policiais envolvidos foram responsabilizados pelo óbito do brasileiro, que foi confundido com um terrorista e assassinado com sete tiros na cabeça.
Jean Charles, um mineiro de 27 anos, morava no mesmo bloco do prédio de um dos suspeitos de tentar cometer um ataque terrorista em Londres. Osman Hussain tentou cometer um atentado em um transporte público da capital britânica em 21 de julho de 2005, sem sucesso porque as bombas não detonaram. Duas semanas antes, em 7 de julho, outro ataque havia sido realizado e matou 52 pessoas.
O policial afirmou que as ações de Jean e as informações recebidas pela Scotland Yard causaram a ação truculenta. A polícia afirmou que ele havia desobedecido às ordens dos agentes e tinha vestimentas suspeitas. Testemunhas haviam afirmado que ele tinha pulado a catraca do metrô e corrido.
C12 afirmou, ainda, que o brasileiro se levantou e foi em direção aos agentes, por isso eles teriam temido um ataque terrorista. O policial disse ter levantado a arma e gritado ‘polícia armada’. Em seguida, o jovem foi imobilizado.
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As informações foram desmentidas depois. Aa testemunha havia confundido e o próprio policial C12 era quem havia pulado a catraca e corrido. Jean estava com uma jaqueta jeans, sem mochila e passou pela catraca normalmente. A polícia britânica também não havia dado nenhum aviso ao brasileiro, segundo investigação da polícia britânica. Após ser imobilizado, ele levou oito tiros, sete na cabeça.
A Scotland Yard foi considerada culpada civilmente em 2007 e foi condenada a pagar 175 mil libras na época de multa. Em 2009, teve e pagar 100 mil libras à família em um acordo de indenização. Apesar da investigação apontar culpa da polícia, o Ministério Público optou por não processar os agentes.
Outro erro dos policiais foi que eles não isolaram o prédio de Hussain e de Jean Charles mesmo após o endereço ter sido encontrado em uma bomba não detonada. O brasileiro não foi abordado e foi permitido que ele pegasse um ônibus com destino a um atendimento como eletricista.
Jean Charles desceria na estação de Brixton, mas ela estava fechada, então ele tentou retornar para o ônibus - algo considerado suspeito pelos policiais - e seguiu para a estação Stockwell do metrô, onde foi morto.