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Mangalitsa: conheça o ‘porco-ovelha’ que quase foi extinto

Tesouro genético da Hungria, o porco Mangalitsa sobreviveu a invernos rigorosos e quase desapareceu com a industrialização

Imagem ilustrativa

Imagine um animal que, de longe, parece uma ovelha por seu casaco de lã, mas de perto revela o focinho inconfundível de um porco. Este é o Mangalitsa, um tesouro genético da Hungria que quase desapareceu para sempre. Sua história é uma poderosa lição sobre biodiversidade e o equilíbrio de nossos ecossistemas.

Criado no século XIX pelo Império Austro-Húngaro, o Mangalitsa foi desenvolvido para ser um porco rústico, valorizado por sua carne marmorizada e banha de alta qualidade. Sua importância, contudo, vai além da gastronomia. Como patrimônio genético vivo, ele carrega genes que oferecem resiliência contra doenças e mudanças climáticas. Sendo um animal rústico, é um aliado da criação sustentável, adaptado a sistemas de baixo impacto ambiental. Sua existência é um indicador da saúde e variedade do nosso sistema alimentar.

Após a Segunda Guerra Mundial, a preferência por carnes magras e a ascensão da criação industrial levaram o “porco-ovelha” à beira da extinção, com menos de 200 indivíduos restantes na década de 1990. Esse declínio representa a perda de resiliência genética, o empobrecimento da cultura gastronômica e um alerta global sobre a ameaça a outras raças locais.

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Resgate da raça

A virada começou com o esforço de criadores e geneticistas húngaros, que se recusaram a deixar a raça desaparecer. O renascimento ganhou força quando chefs e consumidores redescobriram a qualidade de sua carne, criando um novo mercado economicamente viável.

O resgate do Mangalitsa nos mostra que ações conscientes têm um impacto real. Ao apoiar produtores locais, nos informarmos sobre a origem dos alimentos e celebrarmos a diversidade no prato, ajudamos a preservar a biodiversidade. A história deste porco ensina que a preservação não se limita a animais selvagens, mas inclui o patrimônio vivo que pasta em nossos campos, fortalecendo a resiliência e a riqueza do nosso próprio futuro.

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.