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Ministério dos Direitos Humanos apura confusão entre PM e bloco em JF

Organizadores do Bloco da Benemérita divulgaram posicionamento oficial sobre ocorrido na dispersão no sábado (1º)

Pessoas se sentiram mal durante confusão na dispersão do Bloco da Benemérita

A Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania está acompanhando as investigações para apurar possíveis abusos da Polícia Militar (PM) na dispersão do Bloco da Benemérita, no sábado (1º), em Juiz de Fora.

Os integrantes do Bloco denunciaram a Polícia Militar (PM) por uma abordagem truculenta em uma nota de repúdio publicada nas redes sociais. Já a PM alega que houve irregularidades na dispersão, apedrejamento de ônibus e incitação de violência contra os policiais por parte dos organizadores.

A Prefeitura, em nota, se posicionou “deplorando o uso desnecessário da violência” no bloco, que faz parte da programação oficial do Carnaval 2025.

Pedido por garantia de segurança na folia

Na nota de repúdio publicada nas redes sociais, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania citou que “as cenas de crianças, mulheres e jovens machucados e deitados no chão demonstram a ação desproporcional da Polícia Militar de Minas Gerais em Juiz de Fora, na Zona da Mata, no sábado (1º)”.

A nota também cita as denúncias de uso de spray de pimenta e bomba de gás durante a apresentação do Bloco Benemérita e a prisão dos organizadores, que são pessoas trans.

Ao confirmar o acompanhamento do caso, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania destacou que “o Carnaval é momento de alegria, gera renda e emprego para as pessoas, é momento de celebração do que já de mais brasileiro. É imperativo que as forças de segurança pública atuem na defesa e proteção dos foliões, garantindo uma diversão segura”.

Bloco da Benemérita divulga nota de repúdio

No perfil oficial nas redes sociais, a nota informou que MC Xuxú e Gustavo, que são companheiros e pessoas trans, foram liberados e estão em segurança, porém ainda responderão a um processo. Eles solicitam a união da rede LGBTQIAP+, negra e periférica para que esse tipo de ocorrência não volte a acontecer. Também pedem a punição de agressores e a adoção do uso de câmeras nas fardas da Polícia Militar.

Na nota, o bloco também descreve a versão do fato. Segundo essa versão, os foliões foram surpreendidos pela ação da Polícia Militar, que lançou spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra o bloco lotado, sem haver tumulto no momento. Os organizadores afirmam que o palco, onde estavam crianças e mulheres, foi um dos primeiros lugares atingidos.

Conforme a nota, MC Xuxú prontamente pediu que as pessoas se retirassem com cuidado, “diante da violência policial”. Depois disso, “os agentes de segurança subiram no palco, atingiram seu companheiro, Gustavo, com um golpe na cabeça e o levaram algemado. MC Xuxú foi mantida trancada no camarim, cercada por vários policiais homens e, mesmo sem apresentar resistência, foi conduzida algemada”.

O texto termina lembrando que “nosso carnaval é pela vida. Nossa festa é resistência. Em 2019, o Bloco da Benemérita nasceu do sonho de compartilhar felicidade. Nos últimos anos, a cultura, as LGBTQIAPN+, mulheres e pessoas negras foram sufocadas — e precisamos lutar ainda mais”.

PM afirma que houve irregularidades

Em entrevista à Itatiaia, em Belo Horizonte, a major Layla Brunella, que é a porta voz da PM em Minas, falou sobre a situação ao repórter Oswaldo Diniz.

Outros posicionamentos

Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora lamentou o uso desnecessário da violência praticada, informou que o fato aconteceu nos 10 minutos finais da festividade e que foliões e suas famílias, incluindo crianças, precisaram procurar serviços de saúde. A nota, no entanto, não informou quantas pessoas buscaram esses serviços.

A Prefeitura ainda informa que conta com as forças de segurança para promover a paz social e garantir que todos os eventos programados de forma conjunta com a Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo Bombeiros possam ter continuidade, com tranquilidade e alegria, como é direito do povo de Juiz de Fora.

A deputada Ana Pimentel (PT) também se manifestou. A parlamentar pontuou que o Carnaval de Juiz de Fora valoriza a cultura e a diversidade, prestou solidariedade e informou que vai solicitar uma reunião com o comandante da Polícia Militar e acionou a ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos para acompanhar a situação.

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Désia Souza é jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde também cursou pós graduação em “Mídia e Cidadania” e mestrado em “Comunicação e Poder”. É coordenadora de jornalismo na Itatiaia Juiz de fora, onde também atua como âncora e repórter.
Natural de Juiz de Fora, jornalista com graduação e mestrado pela Faculdade de Comunicação da UFJF. Experiência anterior em Rádio, TV e Internet. Gosta de esporte, filmes e livros. Editora Web em Juiz de Fora desde 2023.