Não é à toa que Minas é a terra do queijo: é nas nossas montanhas e vales que alguns dos melhores queijos do mundo são produzidos.
O Queijo Minas Artesanal (QMA) é uma relíquia e um verdadeiro patrimônio do estado. Embora a produção comece sempre do mesmo princípio – leite cru, pingo, coalho e sal –, o local de produção de cada queijo é que determina o sabor e textura de cada um.
Em cada região, as famílias produtoras do queijo adaptam suas técnicas e, com isso, cada produto final tem sua particularidade.
Regiões produtoras
Em Minas, 10 regiões são reconhecidas como produtoras do autêntico Queijo Minas Artesanal. Essa certificação indica que os produtores de queijo desses locais respeitam as formas de produzir o autêntico QMA, ao invés do Queijo Artesanal de Minas.
São elas:
- Araxá,
- Campo das Vertentes,
- Canastra,
- Cerrado,
- Diamantina,
- Entre Serras da Piedade ao Caraça,
- Serra do Salitre,
- Serras de Ibitipoca,
- Serro e
- Triângulo Mineiro.
O processo de caracterização de uma região como produtora de queijo ajuda a trazer reconhecimento e tornar a produção de queijo mais reconhecida – trazendo, inclusive, benefícios financeiros para os produtores locais.
Modo de fazer o queijo muda de acordo com a região?
Um dos aspectos que diferencia os queijos Minas é o tempo de maturação (ou seja, o processo de armazenamento do queijo que leva às características específicas de cor, consistência e sabor.
Essa simples diferença já mostra que o queijo realmente muda de acordo com a região. Afinal, como não existe nenhum processo industrial na produção do queijo, são as características geográficas de cada local que realmente têm impacto no resultado final do produto.
Embora o padrão de fabricação do Queijo Minas Artesanal seja sempre o mesmo, o toque especial desse produto varia justamente por conta da região: traços específicos do solo, clima e vegetação são transferidos por meio do pingo, o fermento natural criado a partir do soro que vem do próprio queijo.
A seguir, conheça todos os atuais municípios produtores de Queijo Minas Artesanal e algumas particularidades de cada queijo.
Características de cada Queijo Minas Artesanal por região
Araxá
- Pelo menos 14 dias de maturação;
- Mais seco e picante;
- Conhecido como queijo de massa dura, assim como o da Canastra;
- Queijo com consistência mais macia e manteigosa. A cor é branco creme;
- Municípios reconhecidos como produtores: Araxá, Campos Altos, Conquista, Ibiá, Pedrinópolis, Perdizes, Pratinha, Sacramento, Santa Juliana, Tapira e Uberaba.
Campo das Vertentes
- Pelo menos 22 dias de maturação;
- Queijo considerado de massa dura ou semidura, a depender da época do ano;
- Sabor suave e pouco ácido;
- municípios reconhecidos como produtores: Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves, Lagoa Dourada, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Piedade do Rio Grande, Prados, Resende Costa, Ritápolis, Santa Cruz de Minas, São João del-Rei, São Tiago, Tiradentes, Barroso e Carrancas.
Canastra
- Pelo menos 14 dias de maturação;
- Conhecido como queijo de massa dura;
- O seu sabor é definido como ligeiramente ácido e não picante;
- Normalmente, tem 2 processos de maturação: um de 7 a 8 dias depois do processo de salga, e outro até completar 22 dias depois da raspagem da casca;
- Municípios reconhecidos como produtores: Bambuí, Córrego Danta, Delfinópolis, Medeiros, Piumhi, São João Batista do Glória, São Roque de Minas, Tapiraí e Vargem Bonita.
Cerrado
- Pelo menos 22 dias de maturação;
- Queijo com consistência mais macia e manteigosa. A cor é branco amarelada;
- Sua consistência é mais macia e a cor característica é branco amarelada;
- Municípios reconhecidos como produtores: Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Tiros, Varjão de Minas e Vazante.
Diamantina
- Maturação mínima de 22 dias;
- Sabor levemente picante e adocicado;
- Municípios reconhecidos como produtores: Diamantina, Gouveia, Datas, Monjolos, Couto de Magalhães de Minas, São Gonçalo do Rio Preto, Felício dos Santos, Senador Modestino Gonçalves e Presidente Kubitschek.
Entre Serras da Piedade ao Caraça
- Maturação mínima de 22 dias;
- Agradável ao paladar, com sabor e cheiro moderados;
- Municípios reconhecidos como produtores: Catas Altas, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Rio Piracicaba, Bom Jesus do Amparo e Caeté.
Serra do Salitre
- Apenas o município de Serra do Salitre faz parte dessa microrregião produtora do Queijo Minas Artesanal;
- Textura semidura, com tendência para macia. O sabor é suave, levemente ácido e não picante;
- Alguns produtores utilizam uma resina para revestir certas variedades do queijo (normalmente de cor amarela ou preta).
Serras de Ibitipoca
- Maturação mínima de 22 dias;
- Sabor suave e levemente ácido;
- Municípios reconhecidos como produtores: Andrelândia, Arantina, Bias Fortes, Bom Jardim de Minas, Lima Duarte, Olaria, Passa-Vinte, Pedro Teixeira, Rio Preto, Santa Bárbara do Monte Verde, Santa Rita do Ibitipoca, Santa Rita do Jacutinga, Santana do Garambéu, Seritinga e Serranos.
Serro
- Pelo menos 17 dias de maturação;
- A quantidade de pingo utilizada é maior e o sabor é mais ácido, o que é característico de queijos maturados por 17 dias;
- Conhecido como queijo de massa semidura;
- Municípios reconhecidos como produtores: Alvorada de Minas, Coluna, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro.
Triângulo Mineiro
- Maturação mínima de 22 dias;
- Sabor suave e levemente ácido;
- Municípios reconhecidos como produtores: Araguari, Cascalho Rico, Indianópolis, Monte Alegre de Minas, Tupaciguara, Uberlândia, Estrela do Sul, Monte Carmelo, Romaria e Nova Ponte.
Reconhecimento do Queijo Minas Artesanal
O modo de fazer Queijo Minas Artesanal é mais do que uma mera característica tradicional: desde 2008, é reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio imaterial brasileiro.
E esse título atual ainda pode crescer ainda mais: em março do ano passado, o modo de fazer Queijo Minas Artesanal foi candidatado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. A votação deve acontecer no final deste ano.