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QMA é prioridade do governo do Estado e candidato a patrimônio cultural e imaterial da humanidade

Produção da iguaria é cada vez maior e mais aprimorada no Estado, com nove regiões demarcadas e cerca de 8.500 produtores que produzem 34 mil toneladas por ano

O governador Romeu Zema (Novo) disse num evento oficial no final do ano passado que o queijo Minas Artesanal é uma prioridade para seu governo. De fato, vale lembrar - nesse Dia Nacional do Queijo - que nos últimos quatro anos, seis novas regiões de Queijo Artesanal foram reconhecidas pelo Estado. “O reconhecimento ajuda a ampliar a comercialização dos queijos e é também um incentivo à adequação das queijarias e às normas da legislação sanitária”, diz a engenheira de alimentos da Emater-MG, Fernanda Quadros, acrescentando que “quando o Estado reconhece uma região como produtora de QMA, o queijo ali produzido passa a levar o nome da região em seu rótulo, junto com sua história e isso agrega valor”. Atualmente, no Estado, 8.430 produtores familiares e não familiares que produzem 34 mil toneladas de queijo artesanal, por ano, no Estado.

De 2018 pra cá, o governo também regulamentou a produção dos queijos Alagoa e Mantiqueira de Minas; reduziu o período mínimo de maturação para o QMA, que era de 22 dias, passando para 14 nas regiões da Canastra e Serra do Salitre. Além disso, a regulamentação, propriamente dita, da lei 23157 de 2018, que trata da produção e comercialização dos queijos artesanais de Minas Gerais, foi concluída com a assinatura do Decreto nº 48024.

Mas não é só. Recentemente, um comitê formado por membros da Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e Abastecimento (Seapa), da Emater-MG, da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), IPHAN e IEPHA, além de produtores locais e parceiros como a Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária), Ocemg (Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais), Amiqueijo e Centro de Referência do Queijo Artesanal, esteve na 17ª Sessão do Comitê Internacional Governamental para a Salva-Garda do Patrimônio Cultural e Imaterial da Unesco, realizada em Rabat, no Marrocos.

Durante essa reunião, são determinados os novos produtos que merecem a chancela de “Patrimônio Imaterial da Humanidade”. O trabalho foi uma das ações para a candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal à lista de Patrimônios da humanidade. Na bagagem, eles levaram dezenas de queijos artesanais de várias regiões de Minas para o deleite dos conselheiros da Unesco. “Nosso estande foi o mais visitado”, orgulha-se Gilson Sales, superintendente de abastecimento da Seapa.

“Nesse momento era o que queríamos. Fomos à conferência para um trabalho de sensibilização, de aproximação e conscientização do secretariado da Unesco quanto ao modo de fazer do QMA. A ideia é que quando a candidatura oficial for lançada, eles já conheçam e estejam sensíveis à nossa causa”.

Chegando ao Brasil, o IEPHA, órgão responsável pelo patrimônio histórico, concluiu o documento de elaboração da candidatura e enviou ao IPHAN, que é o órgão federal, que oficializa a candidatura. Portanto, de acordo com Sales, já estamos formalmente inscritos para a candidatura oficial. Agora, vem um período de análise da UNESCO em que eles podem pedir adequações e/ou ajustes no projeto. “Eles têm até dois anos para fazer a aprovação final e colocar em votação plenária”.

Lembrando que, em 2002, o modo de produção do queijo mineiro se tornou patrimônio estadual. Seis anos depois, em 2008, tornou-se patrimônio nacional. “Subir mais esse degrau agora será importante para o desenvolvimento da agropecuária e gastronomia do estado”, disse Sales.

Como é feito o QMA?

Primeiro é preciso separar o leite cru, recém-ordenhado. A matéria-prima tem que ser usada em até, no máximo 90 minutos, após ter sido colhida. Em seguida, são adicionados o coalho (coagulante) e o pingo, que é o fermento natural. O pingo é o soro que escorre do queijo no processo de fermentação. Ele é coletado e reutilizado na produção de outro queijo no dia seguinte. A massa, então, é quebrada, dessorada, enformada e prensada com as mãos,. Depois é feita a salga seca e então o queijo passa por processo de maturação em prateleiras de madeira.

Qual a diferença entre QMA e QA?


  • O Queijo Artesanal (QA) é o queijo produzido artesanalmente com leite cru. Alguns exemplos são: Queijo Artesanal de Alagoa, Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas, Queijo Artesanal do Vale do Jequitinhonha (Cabacinha, ainda em regulamentação), Queijo Artesanal do Vale do Suaçuí (também ainda em regulamentação).

  • O Queijo Minas Artesanal (QMA) é o tipo mais comum de queijo artesanal feito em Minas, com dez regiões produtoras reconhecidas pelo governo.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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